Tumultos em França: Macron recebe hoje autarcas de 220 municípios afetados por protestos relacionados com jovem morto pela polícia

O Presidente francês Emmanuel Macron recebe hoje os conselheiros dos mais de 220 municípios afetados pelos recentes tumultos que se seguiram à morte de um jovem de 17 anos pela polícia em Nanterre.

Também a primeira-ministra Élisabeth Borne irá receber os líderes dos vários grupos partidários com assento parlamentar, para discutir o tema.

As prioridades na discussão serão encontrar soluções para repôs a ordem, assegurar apoio do Estado aos polícias, gendarmes, bombeiros e oficiais eleitos, bem como mobilizar as forças políticas do país nesse sentido.

Na terça-feira passada morreu Nahel, um jovem de 17 anos, em França, abatido a tiro pela polícia e, desde então, em várias cidades espalhadas pelo País, protestos, manifestações, tumultos violência e vandalismo invadiram as ruas, contra a atuação das autoridades no caso.

A Polícia francesa, desde o primeiro momento, argumenta que disparou para travar o jovem que desrespeitou uma ordem de paragem numa operação STOP. Ontem, o terceiro ocupante do veículo onde seguia Nahel quebrou o silêncio e revela a sua versão do que aconteceu na noite fatídica,.

O vídeo começou a circular nas redes sociais, tornando-se viral rapidamente, e foi autenticado pelo canal francês BFMTV.

Segundo relata, Nahel e dois amigos juntaram-se na terça-feira e entraram no carro Mercedes que lhes tinha sido emprestado, para darem uma “volta por Nanterre”.

“Apôs alguns minutos, estávamos na faixa dos autocarros da Avenida Joliot Curie. Estávamos a andar e vi que os polícias começaram a seguir-nos”, explica. Esta testemunha será ouvida pelas autoridades esta segunda-feira.

O amigo de Nahel garante que este parou o carro prontamente quando lhe foi pedido e que um dos agentes da polícia ameaçou-o logo depois de lhe pedir que baixasse o vidro da janela. “Ele disse-lhe: ‘desliga o motor ou eu disparo'”.

Nahel acedeu e o mesmo polícia ter-lhe-á dito, enquanto lhe apontava a arma à cabeça “não te mexas ou disparo”, enquanto um segundo agente pedia ao colega para disparar.

“O primeiro agente deu-lhe uma coronhada”, relata a testemunha, que explica que a agressão levou a que Nahel tirasse o pé do travão. Como o Mercedes era automático, começou a avançar, levando as autoridades a disparar.

“O segundo agente disparou e de repente o pé dele pisou o acelerados. Eu vi-o morrer, estava a tremer. Depois batemos numa barreira”, indica o jovem.

A testemunha relata ter fugido do carro naquele momento, temendo também ser abatido pela polícia. O outro amigo que se encontrava no Mercedes foi detido pelas autoridades.

Ontem, esta testemunha acabou por se entregar à polícia.

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