Subida das taxas de juro: Que impacto tem na vida dos portugueses? Isto é o que precisa de saber

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou ontem que depois de 11 anos iria subir em 0,5% as taxas de juro. Mas, na prática, que impacto tem essa medida na vida dos portugueses?

Em declarações à ‘SIC’, a analista de mercado, Catarina Castro, explica que “esta medida, o que faz é garantir que retire rendimento às famílias e obrigá-las a não consumir”.

“É a tal paragem cardíaca da economia. Essa paragem tem que depois (…) ter que ser reativada com medidas específicas e provavelmente muito locais, muito mais a nível de Estado a Estado”, sublinha.

Segundo a especialista, o efeito da recessão poderá começar a sentir-se “de setembro para a frente”, o que significa que haverá “menos rendimento disponível. É realmente uma perda para as famílias portuguesas. É um empobrecimento”, aponta.

“O problema é que num país ou num Estado endividado, como é o caso de Portugal e como maioritariamente é o tecido familiar e empresarial português, têm consequências muito significativas a nível de disponibilidade de rendimento e necessidade de ‘apertar o cinto’ para todos nós”, defende à estação.

E quais são as áreas afetadas? Catarina Castro esclarece que “é qualquer área que esteja dependente de crédito, porque o refinanciamento da economia portuguesa está francamente linkado e dependente desta mesma opção que é o tomar crédito”.

Concretamente no crédito à habitação, adianta, haverá “consequências nas prestações de todos os meses. Aliás, as taxas da Euribor a 12 meses mantêm-se acima do 1% e provavelmente, com esta decisão, irão rapidamente chegar ou ultrapassar o 1,5%, chegando mesmo a 2%”.

“Provavelmente, o ponto de equilíbrio será igual aquilo que a Reserva Federal norte-americana já indicou para o mercado do outro lado do Atlântico, que é chegar algures entre a métrica dos 2 a 3%”, sublinha.

Que soluções devem os portugueses tomar para lidar com a situação? “A mensagem é planear. Planear para taxas de juro que estejam acima dos 2% e se isso for possível comportar a nível de orçamento familiar então sim, avançar. E prepararmo-nos todos para manter este nível de pressão inflacionista nos próximos seis, oito meses”, indica.

As pessoas devem “acima de tudo informar-se” e não devem “ter vergonha” disso. Por exemplo, “a contratação de um crédito à habitação é uma decisão de vida (…) e portanto, quando o fizerem, que o façam com toda a informação disponível, analisando cenários alternativos, taxa de juro fixa ou variável. É sempre melhor fazer o trabalho de casa antes de tomar a decisão”, aconselha.

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