“Será difícil o Governo chegar ao fim, ainda mais se política de não abertura continuar”, avisa líder parlamentar do PS

“Não sei se eles acreditam mesmo. Vão repetindo como se acreditassem. Tenho algumas dúvidas que acreditem mesmo”, indicou Alexandra Leitão, a atual líder parlamentar do PS, em entrevista à rádio ‘Renascença’.

“Uma legislatura em que a coligação que governa tem mais dois deputados do que o maior partido da oposição, em que o maior partido da coligação tem o mesmo número de deputados que o maior partido da oposição, que um partido – estou a falar do Chega – tem um comportamento muito imprevisível e nem sempre pelos melhores motivos, tem 50 deputados… é um bocadinho uma tempestade perfeita”, referiu, salientando que esta “não é propriamente a legislatura candidata para fazer os quatro anos e meio, convenhamos. Diria que esta legislatura será difícil de chegar ao fim. E será mais difícil de chegar ao fim se esta política de não abertura continuar”.

A antiga ministra da Administração Pública rejeitou ainda que o PS vá ser “uma força de bloqueio. Não seremos. Vamos fazer oposição, obviamente uma oposição forte, assertiva, também colaborante quando tiver de ser, a fazer o nosso papel e a defender o nosso programa”.

O Orçamento do Estado para 2025 promete ser o ‘campo de batalha’ por excelência entre as duas principais forças políticas na Assembleia da República. “O OE não é um projeto de lei sobre uma medida concreta, é a expressão financeira anual de um programa. É uma definição de políticas públicas que está na génese de visões estratégicas diferentes para o país e, portanto, é nessa medida que o PS tem sempre dito que é praticamente impossível, porque estaríamos a viabilizar uma visão estratégica diferente da nossa”.

“É praticamente impossível por esta visão global que eu dei. Mas, bom, pelo que vimos nestas duas semanas entre a tomada de posse e o Programa de Governo, eu diria que por este andar vejo a coisa cada vez mais difícil, porque, se a ideia de diálogo é sabermos pelo Programa do Governo quais são medidas que avulsamente e aleatoriamente escolhem para lá pôr e se o entendimento que têm sobre o Programa do Governo é que ‘se viabilizarem, nós supomos que é para sempre’. Eu diria que pelo andar da carruagem não estão a tornar a coisa mais fácil”.