Seca: Há mais de 100 cidades em França sem água potável…mas campos de golfe continuam verdes

Na semana passada, o gabinete da Primeira-ministra, Elisabeth Borne, declarou que França enfrenta “a pior seca alguma vez registada no nosso país”, explicando que “a falta de chuva é agravada por sucessivas ondas de calor”.

Várias regiões francesas já implementaram medidas de racionamento do uso de água, com a quase totalidade dos 96 departamentos de França a ativarem planos de restrições ao consumo. Em mais de 100 cidades, a água já não corre nos canos, sendo abastecidas por camiões-cisterna, uma situação que o ministro da Transição Ecológica, Christophe Béchu, descreve como “histórica”.

Contudo, numa altura em que, em algumas áreas, os franceses estão proibidos de lavarem os seus carros e de regarem os seus jardins, os campos de golfe continuam a poder receber água, embora apenas o possam fazer durante a noite e só possam usar, no máximo, 30% do volume de água habitualmente usado.

Esta exceção deve-se a um acordo assinado em 2019 entre a Federação Francesa de Golfe e o Ministério da Transição Ecológica, em que os gestores dos campos de golfe se comprometem a reduzir o consumo de água. De acordo a ‘Euronews’, são gastos cerca de 25 mil metros cúbicos de água todos os anos para regar os mais de 700 campos de golfe em França.

Contudo, essa exceção não está a ser vista com bons olhos por alguns representantes dos governos locais. Por exemplo, o presidente da Câmara Municipal de Grenoble, no sudeste francês, escreveu no Twitter que, enquanto o governo pede contenção à população, “as práticas dos mais ricos são protegidas”.

Também a localidade de Ville de Colmar, na fronteira com a Alemanha, aplicou limitações provisórias ao uso da água pela população, mas optou por manter fora desse regime de poupança as regras dos seus jardins públicos, despoletando o descontentamento por parte da população.

O governo de Ville de Colmar explica que os seus jardins fazem parte da identidade local e são uma importante dimensão da indústria turística da região, pelo diz ser necessário que os espaços verdes e floridos escapem às medidas de limitação do uso de água.

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