“Salvem Carcavelos”. Cidadãos realizam protesto contra urbanização da Quinta dos Ingleses

Um grupo de cidadãos realiza este domingo, no concelho de Cascais, um cordão humano para contestar o plano de urbanização previsto para a Quinta dos Ingleses, em Carcavelos, que inclui a construção de vários empreendimentos.

Esta ação de protesto, promovida pelos movimentos SOS Quinta dos Ingleses e Alvorada da Floresta, acontece quase seis meses depois de ter sido interposta uma ação judicial contra a Câmara Municipal de Cascais, a empresa de construção Alves Ribeiro e o Colégio St. Julian’s, promotores deste plano de urbanização.

“Vai ser uma manifestação que quer ladear a quinta dos dois lados, de forma a unir num abraço, digamos assim, toda a quinta. Contamos que seja muito concorrida esta manifestação. Os apoios que temos tido nas redes sociais são extraordinários”, disse à agência Lusa o vice-presidente do movimento SOS Quinta dos Ingleses, Pedro Jordão.

Em causa está o designado Plano de Pormenor do Espaço de Reestruturação Urbanística de Carcavelos-Sul (PPERUCS), que prevê a reestruturação urbanística de uma área de 54 hectares, onde se situa o colégio inglês St. Julian’s, em Carcavelos, com a criação de um parque urbano que terá oito hectares, a “preservação e valorização do conjunto edificado da Quinta dos Ingleses” e um empreendimento de “usos habitacional, de comércio, de serviços, hoteleiro e outros”.

Este projeto, cujo promotor é a empresa Alves Ribeiro, tem sido contestado por várias associações ambientalistas e sociais do concelho de Cascais, no distrito de Lisboa, nomeadamente pelos movimentos SOS Quinta dos Ingleses e Alvorada da Floresta.

“No fundo, os oito hectares que serão o parque urbano, anunciado pela Câmara Municipal de Cascais, correspondem ao corredor central do Parque Eduardo XVII, para se ter uma ideia. O Parque Eduardo XVII tem 26 hectares, portanto os oito corresponderão a sensivelmente um terço”, apontou.

Segundo sublinhou Pedro Jordão, “existe uma maior sensibilização para o problema, numa altura em que os acessos ao parque começam a ser vedados, uma vez que se prepara o início da intervenção.

O anúncio da intervenção na Quinta dos Ingleses foi feito há um mês pelo vice-presidente da Câmara de Cascais, Nuno Piteira Lopes, durante uma reunião da Assembleia Municipal.

Na ocasião, o autarca social-democrata afirmou que será naquele espaço que irá “nascer o maior parque urbano na freguesia de Carcavelos” e que estará concluído no verão de 2025.

Entretanto, o vice-presidente do SOS Quinta dos Ingleses adiantou que a associação já pediu uma reunião à nova ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, para discutir este tema.

Por sua vez, num comunicado divulgado sexta-feira, o partido PAN (Pessoas-Animais-Natureza) anunciou que deu entrada no parlamento com um projeto de resolução que recomenda ao Governo que promova a salvaguarda e valorização da Quinta dos Ingleses, como paisagem protegida de âmbito local.

“No domingo, dia 07 de abril, a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, estará na Quinta dos Ingleses, em Carcavelos, naquela que é anunciada como a “última manifestação para salvar o ecocídio” da Quinta dos Ingleses”, pode ler-se na nota divulgada pelo partido.

A Lusa contactou a Câmara Municipal de Cascais, mas, à semelhança de situações anteriores, a autarquia escusou-se a prestar qualquer tipo de comentário.

Em maio de 2021, o presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras (PSD), afirmou no parlamento que a autarquia não tem capacidade para travar o projeto de urbanização da Quinta dos Ingleses, alegando que isso implicaria o pagamento de uma “indemnização incomportável”, uma vez que os promotores “têm direito adquirido sobre aqueles terrenos”.

“Teremos todo o interesse em preservar a área da Quinta dos Ingleses desde que o parlamento cumpra a sua parte e crie um instrumento jurídico que permita ao Governo travar o processo”, afirmou o autarca na Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território da Assembleia da República.

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