Rússia: Governadores querem autonomia para mobilizar voluntários para combaterem na Ucrânia

Alguns Governadores das 85 regiões federais da Rússia estão a apoiar o apelo feito pelo líder da Chechénia Ramzan Kadyrov, para que possam ter autonomia para mobilizar combatentes voluntários nos seus territórios para a guerra na Ucrânia, de forma a mitigar a perda de militares no Nordeste e no Sul do país vizinho.

Kadyrov escreveu na rede social Telegram que “a Rússia é um estado federal em que as regiões podem tomar a iniciativa para iniciar qualquer empreendimento”, incluindo o que chama de “automobilização”.

“Não devia ser preciso esperar que o Kremlin declare lei marcial”, salienta o líder checheno, aliado próximo do Presidente russo Vladimir Putin, apontando que os Governadores das várias regiões da Rússia não podem “ficar sentados e esperar pelo fim da operação militar especial na Ucrânia”.

Kadyrov acredita que cada um dos responsáveis regionais “é perfeitamente capaz de recrutar, preparar e treinar, pelo menos, mil voluntários”, o que poderia aumentar as forças da Rússia com 85 mil novos soldados e ajudaria a terminar a guerra na Ucrânia “no menor tempo possível”.

Relata o ‘The Moscow Times’ que três Governadores já expressaram o seu “total apoio” à proposta de Kadyrov, sendo que Sergei Aksyonov, que o governo russo apontou como primeiro-ministro da península Crimeia, anexada à Rússia em 2014, foi o primeiro a dar o seu respaldo.

Aksyonov argumenta que a região já enviou para os campos de batalha na Ucrânia mais de 1.200 combatentes e que está em processo de formação de mais dois batalhões.

O Governador de Kursk, Roman Starovoit, seguiu o exemplo do homólogo da Crimeia, que diz que já enviou 800 voluntários para o país vizinho e que mais residentes estão a ser recrutados para montar uma defesa contra uma eventual invasão da Rússia pelas forças ucranianas.

Por fim, Sergei Nosov, responsável regional de Magadan, completa a lista dos Governadores que, até ao momento apoiam a chamada à ação expressa do Kadyrov.

Contudo, até ao momento, o Kremlin tem afastado a possibilidade de uma mobilização a nível nacional. Ainda esta semana, o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, afirmou que essa decisão “de momento, está fora de questão”.

Acumulam-se os relatos das grandes perdas que as forças russas estão a sofrer na Ucrânia, depois de a ofensiva que Putin esperava que durasse algumas semanas ter já ultrapassado os 200 dias. Os militares estão cansados, desmotivados e descoordenados e a perder equipamento, e as unidades têm cada vez menos efetivos.

Estimativas das Forças Armadas ucranianas indicam que, desde o início da guerra, a 24 de fevereiro, a Rússia já perdeu 54.050 soldados, mais de dois mil tanques, 250 aviões e 216 helicópteros, bem como mais de mil sistemas de artilharia e 15 navios.

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