Rússia acusa EUA de estarem a preparar “revolução” na Geórgia para deslegitimar eleições

A Rússia acusou os Estados Unidos de estarem a preparar uma “revolução colorida” (com protestos, marchas e manifestações nas ruas), visando deslegitimar as eleições parlamentares agendadas para outubro deste ano.

As eleições na antiga república soviética têm atraído atenção internacional, devido à sua localização estratégica e às aspirações da Geórgia de aderir à NATO.

O partido no poder, Sonho Georgiano, governa o país desde 2012, mas tem sido alvo de críticas da oposição e de algumas organizações ocidentais, incluindo a União Europeia, por alegadamente comprometer a democracia. Agora, o Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia (SVR) sugere que os EUA estão a interferir, antecipando uma contestação dos resultados eleitorais.

Segundo o SVR, “os americanos estão a preparar uma revolução colorida na Geórgia. No ‘maidan de Tbilisi’, planeiam divulgar ‘provas de falsificações’ na votação, anunciar a não-reconhecimento dos resultados eleitorais e exigir uma mudança de poder. As forças de segurança serão provocadas a reprimir os protestos com violência.”

Alegadamente, os EUA responderiam ao que chamariam de uso “excessivo” de força contra “cidadãos pacíficos”, afirmou o SVR num comunicado divulgado pela agência estatal russa TASS. O SVR acrescentou que organizações não governamentais pró-ocidentais na Geórgia estariam a recrutar pessoas para monitorizar de perto o processo de votação, com a tarefa de identificar e registar “factos iminentes” de uso de recursos administrativos pelas autoridades, mesmo que tais fatos não existam.

Ainda de acordo com o SVR, Washington estará a fornecer financiamento adicional a associações juvenis da oposição local, que estarão a ser encarregadas de liderar os protestos pós-eleitorais.

Da mesma forma, os EUA, acusa a Rússia, também estão a aumentar a pressão sobre as autoridades georgianas nas semanas que antecedem as eleições, com o objetivo de enfraquecer a posição eleitoral do Sonho Georgiano.

Para tal, planeiam usar “uma ferramenta testada e comprovada”: sanções pessoais contra os principais líderes do partido, seus familiares, bem como os patrocinadores da agremiação política.

O Departamento de Estado dos EUA, no seu website, afirma que os EUA estão “comprometidos em ajudar a Geórgia a aprofundar os seus laços Euro-Atlânticos e a fortalecer as suas instituições democráticas.”

Estas acusações surgem após manifestações significativas na capital georgiana, Tbilisi, no início deste ano, contra uma lei ao estilo russo de “agente estrangeiro”. Esta legislação proposta pretendia criar um registo de “agentes estrangeiros” na Geórgia, que incluiria todas as entidades jurídicas sem fins lucrativos e meios de comunicação social que recebessem mais de 20% do seu financiamento do exterior.

Na altura, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, afirmou que o projeto de lei se baseava em “leis russas e húngaras similares, e não na FARA ou em qualquer outra lei americana.”

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