“Renunciar por dignidade não garante uma eleição”: Jornal espanhol compara caso de Sánchez com o de Costa na Operação Influencer

O jornal espanhol EL Confidencial traça, esta sexta-feira, um curioso “paralelo” entre o caso de António Costa, que se viu envolvido na investigação da Operação Influencer, e acabou por se demitir, e o de Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol, que ameaçou renunciar depois de a mulher se ter visto envolvida num inquérito da justiça sobre suspeitas de tráfico de influências.

Segundo o diário, Sánchez pode aprender “uma lição em português” e perceber, através do caso de Costa, que “renunciar ‘por dignidade’ não garante uma eleição” no sufrágio seguinte.

“Poderíamos estar a falar de Espanha e de Pedro Sánchez, mas não é o caso. Estamos a falar de António Costa, o antigo presidente de Portugal cuja saída abrupta do Executivo no final do ano passado oferece uma lição que Sánchez terá sem dúvida em conta ao decidir se segue os seus passos: renunciar para salvar a sua dignidade não é o melhor caminho”, destaca o jornal.

São, no entanto, distinguidos os contornos dos dois casos, que no da Operação Influencer envolvem suspeitas sobre o chefe de gabinete de Costa, Vítor Escária, o assessor Diogo Lacerda Machado, o ex-ministro João Galamba e Nuno Lacasta, chefe da Agência ambiental portuguesa.

“A situação em Portugal era, portanto, consideravelmente mais grave do que a enfrentada por Sánchez, que consiste apenas na abertura de um processo preliminar contra a sua esposa, Begoña Gómez , para investigar um possível tráfico de influência. E, no entanto, Costa tinha muitas ferramentas para resistir à chuva. Não só teve maioria absoluta no seu Governo, como a investigação também apresentou graves deficiências que, ao longo dos meses seguintes, acabariam por fragilizar o processo contra o primeiro-ministro. Se quisesse, o socialista poderia ter mantido a sua posição sem enfrentar muita pressão para isso”, escreve o El Confidencial.

No entanto, não foi o que veio a acontecer: A Aliança Democrática (AD), liderada por Luís Montenegro, acabou por ser a vencedora das eleições de março passado.

Mas porque se demitiu Costa? O jornal recorre a Pedro Magalhães, investigador da Universidade de Lisboa, que explica que “se isto tivesse acontecido no início do mandato de António Costa, não sei se a reação teria sido a mesma. Ele está no poder desde 2015, e acredito na possibilidade de esse cansaço ter significado para ele a hora de ir embora”.

Deve Pedro Sánchez pedir a demissão? A decisão deve ter em conta o que aconteceu ao ‘amigo’ e ‘vizinho’ Costa, porque arrisca ter o mesmo desfecho, escreve o mesmo jornal.

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