Quer investir no ‘hidrogénio verde’? Saiba onde estão as oportunidades
Enquanto o mundo acorda para um futuro de baixo carbono, o potencial do “hidrogénio verde” – produzido com energia renovável – tem vindo a atrair um interesse crescente por parte das empresas, governos e investidores.
Nos últimos anos, grandes ‘players’ como a Repsol, Siemens Energy, Orsted e BP envolveram-se em projetos ligados à produção de ‘hidrogénio verde’. E embora o desenvolvimento deste tipo de projeto seja crucial, a “verdadeira oportunidade de investimento”, de acordo com os analistas, está no setor que sustenta o ‘hidrogénio verde’, ou seja, nas energias renováveis.
“Os maiores ganhos, em termos de oportunidade de investimento no hidrogénio verde, é realmente, no sentido de mais energia renovável”, disse Mark Lewis, analista-chefe da área da Sustentabilidade do BNP Paribas Asset Management, à ‘CNBC’.
“Quando produzimos hidrogénio verde, vem de fontes de energia com emissão zero – e é isso que vai alimentar os eletrolisadores”, reforçou Lewis.
Questionado sobre a oportunidade de investimento necessária para cumprir a meta de produção da UE para 2030, o analista afirmou que “será necessário cerca de 400 mil milhões, e metade disso é para nova capacidade de energia renovável dedicada”.
“O que só vai aumentar a oportunidade de crescimento que já existia em torno das energias renováveis”, ressalvou
Descrito pela Agência Internacional de Energia como um “portador de energia versátil”, o hidrogénio tem uma ampla gama de aplicações e pode ser usado em setores como a indústria e o transporte, nomeadamente em comboios, aviões, automóveis e autocarros movidos a células de combustível de hidrogénio.
É também visto como uma engrenagem crucial nos planos da União Europeia para descarbonizar. A UE traçou planos para instalar 40 gigawatts de eletrolisadores de hidrogénio renovável e produzir até 10 milhões de toneladas métricas de hidrogênio renovável até 2030. Sendo que a Agência Internacional de Energia afirma que a produção global de hidrogénio atualmente atinge cerca de 70 milhões de toneladas métricas por ano.
Neste momento, a grande maioria da geração de hidrogénio baseia-se em combustíveis fósseis, que por sua vez tem um efeito sobre o meio ambiente. Segundo a IEA, a sua produção é responsável por cerca de 830 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono a cada ano.
É nesse contexto que a ideia do hidrogênio verde é tão atraente, embora seu papel na matriz energética geral seja pequeno, respondendo por apenas 0,1% da produção mundial de hidrogénio em 2020, de acordo com o mais recente relatório da Wood Mackenzie, no qual é apontado que, apesar de o ‘hidrogénio verde’ ser caro de produzir, os custos podem cair até 64% até o ano de 2040.