Quem são os vencedores e os vencidos da crise energética causada pela guerra?

A decisão da Rússia de invadir a Ucrânia trouxe à Europa a maior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial, com números elevados de baixas, cidades destruídas e mais de 10 milhões de ucranianos forçados a abandonar as suas casas.

Para além disso, o conflito vai ainda causar efeitos duradouros e de longo prazo na economia global, sendo que o aumento dos preços do petróleo e do gás é apenas o início, seguindo-se possivelmente um aumento dos preços de produtos desde o pão aos veículos elétricos.

Os participantes do mercado de petróleo estão, neste momento, à espera de saber se as exportações diárias da Rússia de 5 milhões de barris vão ter novos compradores, como a Índia ou a China. Se a resposta a essa questão for sim, será que os outros exportadores, como o Médio Oriente, começar a vender para a Europa e a América do Norte?

No entanto, qualquer crise tem vencedores e vencidos e, neste caso, a crise energética não é exceção. Por isso, a ‘Fortune’ fez uma análise com várias empresas e analistas onde compilou os principais prejudicados e os maiores beneficiados desta consequência da guerra.

 

Os vencidos

– Rússia: com uma economia que tem como base o petróleo já viu a sua moeda, o rublo, colapsar e mais de 400 multinacionais abandonarem, ou reduzirem, as operações do país. Como resultado da decisão que tomou em invadir a Ucrânia, a União Europeia tem estado unida para acabar com a dependência energética de Moscovo, razão pela qual a empresa Rystad Energy prevê que as sanções e a união do Ocidente provoquem um corte da procura global por petróleo russo e por produtos petrolíferos em cerca de 350.000 a 1 milhão de barris por dia em 2022.

– Países importadores de petróleo: são dos que mais perdem com a guerra. A União Europeia, por exemplo, apesar de se comprometer a deixar totalmente de depender do petróleo russo, tem primeiro de ultrapassar uma fase difícil com custos mais elevados para a eletricidade e preços mais elevados para o petróleo no curto prazo. O Bank of America prevê ainda que esta crise provoque danos de cerca de 0,7% no crescimento deste ano.

– Viajantes: vão ser prejudicados pelo aumento acentuado dos preços dos combustíveis, pois a crise energética significa provavelmente custos mais elevados para qualquer tipo de transporte escolhido, seja ele um carro, um autocarro ou um avião.

– Pobreza e fome global: para além dos preços da energia, a invasão da Rússia pode ainda levar a uma crise alimentar global, uma vez que a Ucrânia é considerada o celeiro da Europa, e consequentemente causar um aumento do número de pessoas na pobreza e em situações de fome.

 

Os vencedores

– Países exportadores de petróleo: podem, ao contrário dos importadores, ganhar com o conflito, pois com novos acordos com os países que querem deixar de depender da Rússia podem começar a colocar mais petróleo no mercado. O Irão, por exemplo, pode usar a atual situação geopolítica para voltar totalmente ao mercado de exportações.

– Recursos alternativos: O carvão, e o gás natural liquefeito (GNL) são dois recursos para os quais a Europa se está a virar para substituir o gás russo. Do outro lado do oceano, os Estados Unidos estão a aumentar a produção de xisto para responder aos barris de crude russo que recebiam por dia.

– Energias renováveis: o aumento dos preços dos combustíveis fósseis está a levar a que os países e as organizações adotem estratégias para acelerar as tecnologias para zero emissões. A União Europeia já definiu para 2030 o alvo de substituir quase metade do gás russo com hidrogénio limpo e a administração Biden vai investir 9,5 mil milhões de dólares (cerca de 8,5 mil milhões de euros) também no hidrogénio.

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