Próxima semana à lupa: “Nonfarm payrolls”, o indicador que pode impulsionar os mercados
Na semana que vem, e como é habitual na primeira sexta-feira de cada mês, será divulgado um dos indicadores a que o mercado presta mais atenção: os ‘Nonfarm payrolls’. Trata-se dum indicador mensal publicado pelo Bureau of Labor Statistics e que nos dá o número de pessoas empregadas no mês anterior, excluindo o setor agrícola.
No contexto atual, torna-se ainda mais importante porque o consumo está diretamente relacionado com a criação de emprego. Uma vez que a estimativa dos analistas é bastante baixa (apenas 875k) existe a possibilidade deste dado sair melhor que o esperado e, se assim for, impulsionar os índices em alta.
No resto da semana termos, na terça-feira, as expectativas económicas futuras das famílias americanas, dado este apurado pela Conference Board, uma intervenção do governador do Banco de Inglaterra e vários discursos de membros da FOMC.
Na quarta-feira será divulgado o PIB do segundo trimestre no Reino Unido e nos EUA e o relatório de emprego do ADP que servirá de dado preliminar para o NFP.
É importante estarmos também atentos aos dados divulgados pelo ISM na quinta-feira, nomeadamente a componente de emprego.
A volatilidade deverá continuar alta, pelo que se aconselha portefólios bem diversificados e com maior exposição aos setores mais defensivos.
EUA no centro da semana que termina
As ações americanas fecharam em mínimos de oito semanas, impulsionadas pela fraqueza no setor tecnológico, ao exercem uma influência desproporcional nos principais índices devido ao peso que têm nesses mesmos índices. Embora mais de 50% das ações do S&P 500 negociaram em alta, o índice fechou em baixa pela quarta semana consecutiva. Temos que recuar um ano para encontrar uma situação semelhante.
Por outro lado, algumas ações cíclicas, de pequena capitalização e internacionais, encerraram a semana com resultados positivos. A Fed sinalizou na semana passada que manterá as taxas perto de zero até pelo menos 2023 para ajudar a economia a enfrentar a crise económica e sanitária. Os dados económicos continuam a mostrar que a recuperação económica está em curso mas a desacelerar, uma vez que onda de contágios por Covid-19 continua a alastrar-se um pouco por todas a europa, com os casos mais preocupantes a centrarem-se na Espanha, França e Reino Unido.
A ameaça duma segunda ronda de medidas de restrição e confinamento e as notícias avançadas pela CNN de que o Congresso dos EUA não aprovará novo pacote de estímulos na antes da eleição presidencial, continuam a impedir que os mercados recuperem.
*Nuno Melo, Analista XTB