Próxima semana à lupa: Dos mercados à economia – e outras coisas que precisa de saber
Antevisão
O início do novo ano fiscal no Japão a 1 de abril e o fim da regulamentação SLR da Fed no mesmo dia, fizeram com que as yields do Tesouro americano caíssem, bem como uma desvalorização do dólar americano. De resto, a subida do índice ISM não-manufatureiro e o aumento dos non farm payrolls, também não conseguiram ajudar a suportar o dólar. Poderemos entrar numa fase de mercado mais calma, havendo, no entanto, alguns eventos importantes esta semana.
Bancos Centrais
As reuniões dos bancos centrais continuam esta semana. Na segunda-feira, Ohlsson, do Riksbank, irá participar num webinar para discutir os “efeitos distributivos da política monetária atual”. Ohlsson irá concluir que a política monetária atual é adequada.
Na terça-feira, vários membros da FOMC (Daly, Mester, Bostic e Rosengren) irão discutir o tema do racismo, apesar de nada ter a ver com o mandato do Fed. As discussões sobre justiça social irão fazer uma breve pausa com Harker, ainda terça-feira, e Powell e Clarida (na quarta-feira) a falarem sobre a economia e a política monetária da Fed, dois temas que fazem parte do mandato do Fed. Depois voltamos de novo à justiça social, com Bostic a discutir racismo e desigualdade na quarta-feira, enquanto Mester optou por discutir a inclusão social na quinta-feira. Por algum motivo, Daly vai falar sobre estabilidade financeira na quinta-feira. em vez da habitual discussão sobre o futuro da educação. Para ser sincero, quase nenhum destes discursos deverá ter um impacto significativo no mercado.
Calendário Macroeconómico
Ainda assim, irão ser divulgados alguns dados macroeconómicos interessantes durante a semana. O índice de expectativas ZEW na Alemanha provavelmente sugerirá que a inclinação da curva do EUR está muito atrasada. Provavelmente isso não acontecerá antes do BCE recuar na sua tentativa de manipulação das curvas das yields. Para isso acontecer requer que o BCE veja a inflação em torno dos 2% no segundo trimestre, 10% de crescimento anual do PIB e uma percentagem da população vacinada mais elevada, de modo a atingir a imunidade de grupo.
A pesquisa do NFIB sobre as pequenas empresas dos EUA deverá ser realizada na terça-feira e deverá começar a mostrar alguma preocupação com a regulamentação, burocracia e aumento de impostos desde que Biden venceu as eleições presidenciais dos Estados Unidos. Isso pode ser uma má notícia para o dólar americano. De maior relevância no mercado é o facto dessas pequenas empresas estarem a tentar aumentar os preços ao ritmo mais elevado de todos os tempos, o que poderá levar o core CPI a subir muito até ao final do verão. Por falar nisso, o core CPI dos EUA para o mês de março também será divulgado na terça-feira. Os preços da gasolina subiram 40% quando comparados com março do ano passado e, historicamente, poderá haver uma tendência de se repercutir nas medidas de inflação (especialmente no deflator PCE).
Por último na quinta-feira teremos as vendas a retalho nos EUA. O mercado espera uma subida de 5% em temos mensais, motivada pelo pagamento dos cheques de $1400 às famílias americanas pela administração Biden.
Nuno Mello, analista XTB