Produção nacional de cereais no mínimo do século. E a Covid-19 só veio agravar

Atendendo a que só prduz 85% dos bens que precisa, Portugal continua dependente de outros países para se alimentar.  Apesar dos níveis de autoaprovisionamento terem melhorado em produtos como a fruta ou a carne – e noutros apresentar ainda um excedente, casos do leite e do azeite -, “o acesso a algumas matérias-primas oriundas do exterior para equilibrar a balança comercial alimentar é absolutamente crítico, sobretudo no domínio dos cereais”, noticia o Expresso.

No que diz respeito ao trigo panificável a dependência é quase total, segundo dados do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP), do Ministério da Agricultura.

Segundo o mais recente estudo do ministério da Agricultura, intitulado “Plano de Medidas Excecionais para o Sector Agroalimentar no Quadro da Pandemia Covid-19”, a superfície semeada dos principais cereais diminuiu pelo sétimo ano consecutivo, passando para 106 mil hectares, a menor área cultivada dos últimos cem anos.

Registam-se reduções generalizadas no trigo duro (menos 15%), no triticale e na cevada (menos 10%) no trigo mole e na aveia ( menos 5%).

Este documento vem confirmar, de acordo com as confederações de agricultores, que é bastante provável que a produção de cereais, principalmente os de primavera/verão, venha a estar comprometida, reflexo de constrangimentos na obtenção de sementes e de fatores de produção.

E é precisamente de um dos países mais afetados pela pandemia, a Itália, que Portugal importa algumas sementes de arroz e tomate que, por enquanto – e apesar da crise sanitária que atinge aquele país –, continuam a chegar.

Ainda sobre os cereais, o grau de autoaprovisionamento nacional está agora nos 4% e, nas últimas campanhas, Portugal importou, em média, cerca de 1,2 milhões de toneladas, das quais 96% com origem na União Europeia (com a França a representar cerca de 50% do total). De referir que, recentemente, a Bulgária e a Roménia começaram a ocupar um lugar cada vez mais importante nas importações daquele produto.

Para já, e apesar de não haver ainda rutura de stocks, “as pequenas indústrias de moagem podem vir a ter dificuldades de aprovisionamento de matéria-prima, quer por questões de problemas de logística, quer por eventual aumento dos preços”, alerta o Ministério da Agricultura.

No contexto atual de restrições à circulação praticamente em todos os países europeus, a questão da logística (sobretudo o transporte) é absolutamente crucial, segundo Eduardo Diniz, do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral.

Segundo este responsável, para já, não se corre o risco de alguns países exportadores de bens e matérias-primas alimentares começarem a reter alguns stocks para lá do que é normal, “pois os produtores também precisam de vender para fora, até por questões de equilíbrio das suas próprias tesourarias”.

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