Prisão do cofundador da rede social Telegram ‘afunda’ mercado criptográfico: Toncoin desvaloriza 20%
O Toncoin, token vinculado à aplicação de mensagens ‘Telegram’, relatou esta segunda-feira perdas de até 22% depois de o cofundador Pavel Durov ter sido detido em França: no total, o ativo digital perdeu cerca de 2,7 mil milhões de dólares em valor de mercado, o que reflete a incerteza causada pela prisão de Durov.
O blockchain ‘Open Network’, ou TON, está disponível para os 900 milhões de utilizadores mensais do ‘Telegram’ e procura permitir serviços pagos e jogos dentro da aplicação de mensagens, lembrou esta segunda-feira o jornal espanhol ‘El País’: a popularidade deste serviço gerou mesmo especulações entre analistas de que o ‘Telegram’ estaria a procurar tornar-se uma super app ao estilo de gigantes como o WeChat.
De acordo com os analistas, o relacionamento entre TON-Telegram tem potencial para introduzir uma vasta base de utilizadores no universo criptográfico, tornando-o de grande interesse para a indústria.
O Bitcoin, o principal ativo digital, ultrapassou pela primeira vez nas últimas três semanas os 65 mil dólares, uma reação aos comentários de Jerome Powell, presidente da Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos, que indicou na passada sexta-feira o início dos cortes nas taxas americanas, bem como um aumento na procura por fundos criptografados negociados em bolsa )ETF) nos Estados Unidos – dessa forma, esta segunda-feira, a moeda digital ganhou esta segunda-feira 1,4%, após a subida de 7,4% na semana passada, o maior aumento desde meados de julho.
O sinal de Powell gerou uma entrada líquida de 252 milhões de dólares, a maior em mais de um mês, num grupo de uma dúzia de ETF de Bitcoin à vista dos EUA, revelou a ‘Bloomberg’, o que permitiu que estes veículos de investimento terem conseguido assim fechar sete dias consecutivos de lucro líquido.
O mesmo movimento não se repetiu com o Ether, a segunda maior criptomoeda, que perdeu até 1,7% nesta segunda-feira: o grande concorrente do Bitcoin não conseguiu motivar os investidores.
A prisão preventiva do fundador da plataforma digital Telegram, o cidadão franco-russo Pavel Durov, foi prolongada no domingo à noite, um dia depois de ter sido detido num aeroporto de Paris.
A detenção ocorreu na sequência da emissão contra ele de um mandado de captura por investigadores franceses, devido a vários crimes relacionados com o seu serviço de mensagens encriptadas.
Acompanhado do seu guarda-costas e da sua assistente, que o seguem para todo o lado, o multimilionário franco-russo de 39 anos foi detido no sábado à noite no aeroporto de Le Bourget, a norte de Paris, indicou uma fonte próxima do caso citada pela agência de notícias francesa AFP.
O fundador do Telegram chegava de Baku e iria pelo menos passar a noite em Paris, onde tinha planeado jantar, acrescentou uma fonte próxima da investigação.
Segundo outra fonte próxima do caso, o juiz de instrução de Paris responsável por esta investigação judicial, centrada em particular em atos cometidos por um grupo organizado, prolongou no domingo à noite a sua prisão preventiva, que poderá durar no máximo 96 horas.
Findo esse prazo, Pavel Durov poderá ser posto em liberdade ou apresentado àquele magistrado para uma eventual acusação formal.
A unidade responsável pelo combate à violência contra menores (OFMIN) tinha emitido um mandado de captura para Pavel Durov por crimes que vão desde fraude a tráfico de droga, passando por assédio cibernético, crime organizado e apologia do terrorismo, precisou uma das fontes próximas do processo.
Em seguida, numa data não-especificada, foi aberta uma investigação judicial pela unidade cibernética (J3) do Junalco (Tribunal Nacional de Combate ao Crime Organizado), de acordo com outra fonte próxima do processo.
As investigações foram confiadas à Unidade Nacional Cibernética (UNC) da guarda nacional e ao Onaf, o Departamento Nacional Antifraude ligado aos serviços aduaneiros, onde Durov se encontra detido em prisão preventiva, segundo duas fontes próximas do caso.
A justiça acusa Pavel Durov de não ter tomado medidas contra a utilização criminosa da sua plataforma digital de mensagens instantâneas pelos assinantes, nomeadamente por falta de moderação e de cooperação com os investigadores.
“Basta de impunidade no Telegram”, congratulou-se um dos investigadores, surpreendido com o facto de o multimilionário, sabendo que era procurado em França, ter decidido viajar para Paris, o que talvez tenha feito “devido a uma sensação de impunidade”, comentou uma das fontes próximas do caso.
Pavel Durov “não tem nada a esconder e viaja frequentemente pela Europa”, assegurou no domingo à noite a plataforma digital Telegram no seu próprio canal.
“É absurdo dizer que uma plataforma ou o seu proprietário são responsáveis pelos abusos” encontrados na referida plataforma, acrescentou a empresa.
“O Telegram cumpre as leis europeias, incluindo o Regulamento de Serviços Digitais [e] a sua ação de moderação está dentro dos padrões do setor”, disse ainda.
O serviço de mensagens digitais lançado em 2013 por Pavel Durov e pelo seu irmão Nikolai, no qual as comunicações podem ser totalmente encriptadas e cuja sede é no Dubai, afirmou-se por contraste com as plataformas norte-americanas, criticadas pela sua exploração mercantil de dados pessoais.
O Telegram comprometeu-se especificamente a nunca revelar qualquer informação sobre os seus utilizadores.