Principal índice de empresas chinesas cotadas nos EUA cai 18%. Fogo cruzado entre Washington e Pequim leva investidores a vender ações a “preço de saldo”
O Índice ADR S&P/BNY Mellon China Select, que gere a cotação dos American Depositary Receipts (cuja sigla anglo-saxónica é ADR), isto é, documentos referentes a ações de empresas que não são norte-americanas (neste caso chinesas) negociadas no mercado financeiro dos EUA, caiu 5,9% na passada sexta-feira, desencadeado um colapso nas ações de várias empresas. O fenómeno acontece pouco tempo depois de Pequim ter desencadeado uma ação financeira musculada contra este tipo de empresas.
Desde o início do ano, este índice já sofreu uma queda de 18,8%. As investigações da autoridade chinesa para a segurança informática contra gigantes digitais como a Alibaba Group e a Baidu levou a que os investidores vendessem grande parte das suas ações, a preços baixos. Um exemplo claro desta tendência foi a corporativa de transporte Didi, que depois de no final do mês passado ter lançado uma Oferta Pública Inicial (OPI), no mercado norte-americano, viu as suas ações darem um “trambolhão” de 42%.
Para Max Gokhman, responsável pela alocação de ativos da Pacific Life Fund Advisors, uma entidade que supervisiona mais de 25 mil milhões de euros, explicou que este gesto de Pequim só serve para “reter o capital empresarial no país”. Para Gokhman é claro que ” a curto prazo as ações destas empresas vão continuar a seguir uma tendência negativa”, que só pode ser salva “pelo poder de compra da classe média chinesa”.
“A curto prazo, o futuro dos emissores chineses de ADR é obscuro. Este fogo cruzado entre Washington e Pequim está a prejudicar os investidores”.
Na primeira semana de julho, Pequim anunciou que iria reforçar a supervisão de empresas titulares de ADR. Esta medida pode afetar um mercado avaliado em 2,1 biliões de dólares (1,78 biliões de euros).
Para Yi Huiman, presidente da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China, esta medida é “um novo ponto de partida para a modernização do sistema [do país] para a governança do mercado de capitais”.
Para vários especialistas do mercado financeiro asiático, contactados pelo Financial Times, este pode ser o fim da listagem de empresas chinesas nas bolsas dos EUA. “Depois deste anúncio é completamente previsível que Pequim anuncie o fim das listagens nos Estados Unidos”, comentou Fraser Howie, analista independente do sistema financeiro chinês, em declarações ao diário económico.
Atualmente, há cerca de 250 empresas chinesas listadas em Nova Iorque, cuja a capitalização de mercado combinada é de 2,1 biliões de dólares (1,78 biliões de euros( segundo as contas da Comissão de Revisão Económica e de Segurança para a relação EUA-China.