Primeiro-ministro palestiniano defende governo unificado em Gaza e Cisjordânia

O primeiro-ministro palestiniano, Muhamad Mustafa, defendeu hoje que as instituições de Gaza, controladas pelo Hamas desde 2007, e da Cisjordânia, governadas pela Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), fiquem sujeitas “a uma única autoridade e governo” quando alcançada a paz.

Numa reunião com os ministros dos Negócios Estrangeiros de França, Stéphane Séjourné, e do Reino Unido, David Lammy, no seu gabinete em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, Mustafa agradeceu à diplomacia dos dois países europeus pelos seus esforços “para acabar com a guerra de extermínio” em Gaza e com “a escalada do exército de ocupação (israelita) e dos colonos e os seus ataques na Cisjordânia”.

Mustafa reiterou também a necessidade do apoio ao Governo da ANP para garantir a “reconstrução e unidade dos territórios”, um Estado independente palestiniano e “o fim da ocupação” israelita, a par do seu reconhecimento internacional e da sua inclusão como membro das Nações Unidas.

Segundo nota divulgada pelo Governo palestiniano, Séjourné e Lammy enfatizaram “a necessidade de alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a introdução de ajuda” no território palestiniano, bem como de diminuir a tensão na região face a uma possível retaliação iraniana contra Israel pela morte em Teerão do líder do Hamas, Ismail Haniyeh.

Antes, David Lammy e Stéphane Séjourné reuniram-se em Jerusalém com o homólogo israelita, Israel Katz, num dia marcado pela condenação internacional ao ataque de colonos israelitas à aldeia palestiniana de Jit, na Cisjordânia, que fez um morto e dezenas de feridos, na quinta-feira.

A ONU considerou o ataque uma consequência direta da política de promoção de colonatos em território ocupado e da impunidade.

“Este ataque não é isolado e é uma consequência direta da política de colonização de Israel na Cisjordânia”, afirmou a porta-voz do Gabinete dos Direitos Humanos da ONU, Ravina Shamdasani, citada pela agência espanhola EFE.

“A impunidade é o grande problema e é isso que está a causar a violência”, considerou a porta-voz do Gabinete dos Direitos Humanos da ONU.

Cerca de 100 colonos encapuzados invadiram a aldeia de Jit na quinta-feira à noite, incendiaram casas e automóveis, e mataram um palestiniano de 23 anos.

Mais de 700.000 colonos vivem na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, onde colonos extremistas têm um poder alargado no Governo de coligação, que tem autorizado planos de expansão dos colonatos e a confiscação generalizada de terras.

Um dos líderes da extrema-direita, Itamar Ben Gvir, ele próprio um colono, é o atual ministro da Segurança Nacional.

Stéphane Séjourné e David Lammy visitaram hoje Israel para discutir com a diplomacia de Telavive esforços para evitar uma escalada regional de violência.

O Irão ameaça atacar Israel em retaliação pelo assassínio do chefe político do grupo palestiniano, Ismail Haniyeh, há duas semanas em Teerão, bem como do grupo xiita libanês Hezbollah, depois de as forças israelitas terem matado o seu líder militar, Fuad Shukr, algumas horas antes.

Após 48 horas de negociações “construtivas” em Doha, as discussões sobre um cessar-fogo e a libertação de reféns em Gaza serão retomadas no Cairo na próxima semana, segundo um comunicado conjunto dos mediadores.

Washington anunciou ter apresentado uma nova proposta de compromisso, apoiada pelo Egito e pelo Qatar, com o objetivo de “preencher as restantes lacunas” e que diz respeito à implementação de um acordo entre Israel e o Hamas, de acordo com a Casa Branca.

As negociações são mediadas por Egito, Qatar e Estados Unidos, procurando obter a libertação dos reféns israelitas sequestrados em 07 de outubro pelo Hamas e que ainda estejam vivos, além da entrada de ajuda humanitária para a população civil em Gaza; enquanto o Hamas exige a retirada completa das tropas de Israel e um cessar-fogo definitivo.

Os três países mediadores consideram que os dois dias de negociações que acabam de decorrer em Doha foram “construtivos” e decorreram num “atmosfera positiva”.

Ler Mais