Prigozhin quebra silêncio e afirma que nunca quis derrubar Putin

O chefe do grupo Wagner quebrou o silêncio após a marcha dos seus soldados em direção a Moscovo, um momento que colocou a nu os “graves problemas de segurança na Rússia”.

Para Yevgeny Prigozhin, a ação deste fim de semana do grupo paramilitar não era depor o Governo de Vladimir Putin. O fundador do grupo Wagner foi protagonista de um vídeo com 11 minutos no qual assegurou que a rebelião das suas tropas nunca teve o objetivo de derrubar o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Prigozhin também afirma que o que procurava com essa ação era que se fizesse justiça aos responsáveis ​​pelos erros cometidos na Ucrânia.

“O objetivo era não provocar vítimas. O objetivo era responsabilizar pessoas que cometeram diversos erros na operação especial militar [na Ucrânia]. Os militares que nos viram e a sociedade civil apoiaram-nos.”

“Começámos a nossa marcha devido a injustiças que nos fizeram. Não agredimos ninguém e fomos alvos de mísseis e de helicópteros de combate”, referiu Prigozhin, citado pela agência ‘Reuters’. “Durante toda a marcha, que durou 24 horas, percorremos 750 quilómetros. Faltavam 200 e poucos quilómetros até Moscovo. Fomos obrigados a atacar meios aéreos e parámos no momento em que a demonstração que já tínhamos feito era suficiente e decidimos voltar para trás por dois fatores: não derramar sangue russo e queríamos apenas demonstrar o nosso protesto, e não para derrubar o poder do país”, sustentou, salientando que “ninguém concordou em assinar um contrato com o Ministério da Defesa da Rússia”.

O líder do grupo paramilitar referiu ainda que “morreram cerca de dez soldados da Wagner e muitos outros ficaram feridos. Aí foi decidido avançar. Fiz uma declaração de que nós de forma alguma queríamos agredir quem quer que fosse. Se fôssemos atacados é que iríamos responder”.

“A nossa marcha da justiça mostrou que há problemas de segurança sérios em todos o país. Bloqueámos todos os quartéis, aeródromos que encontrámos pelo caminho. Fizemos um percurso que corresponde à distância entre as tropas russas no dia 24 de fevereiro até Kiev”, indicou.

O Kremlin afirmou ter feito um acordo para que Prigozhin se mudasse para a Bielorrússia e que fosse amnistiado, juntamente com os seus soldados.

Não houve confirmação do seu paradeiro, embora um canal de notícias russo na rede social Telegram tenha informado que Prigozhin foi visto num hotel na capital bielorrussa, Minsk.

Na mensagem que hoje divulgou, Prigozhin sublinhou que o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, apresentou soluções para permitir que o grupo Wagner continue as suas operações a partir de Minsk.

“Lukashenko estendeu a mão e ofereceu-se para encontrar soluções que permitam ao grupo Wagner continuar o seu trabalho de forma legal”, disse Prigozhin.

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