Policia faz rusga a casa de jornalista que exibiu na TV russa cartaz contra guerra na Ucrânia
Esta quarta-feira, os serviços de segurança russos invadiram a residência da jornalista Marina Ovsyannikova, ex-editora na emissora pública Canal Um e que se tornou célebre depois de, em março, ter aparecido em direto a mostrar um cartaz em que denunciava publicamente a agressão da Rússia contra a Ucrânia e apelava ao fim da guerra.
A informação é avançada pelo portal independente ‘OVD-Info’, depois de ter sido informado pela própria Marina Ovsyannikova. De acordo com a mesma fonte, eram seis da manhã quando as forças russas arrombaram a porta de casa da jornalista e conduziram uma rusga sem que ela tivesse oportunidade para chamar um representante legal.
Dmitry Zakhvatov, advogado que trabalha com o ‘OVD-Info’, relata que Ovsyannikova foi levada perante a Comissão de Investigação da Federação Russa, um órgão que, de acordo com o ‘Politico’, poderá ser equiparado ao FBI nos Estados Unidos.
Na sua página na rede social Telegram, Ovsyannikova escreve que “Às 6 da manhã, quando eu ainda dormia, dez polícias da Comissão de Investigação invadiram a minha casa”, explicando que lhe foi apresentado um mandado de busca”.
A jornalista diz que a ação das autoridades russas está relacionada com as acusações de disseminação de informação falsa sobre as forças armadas da Rússia, que lhe podem valer uma pena de prisão até 15 anos, no âmbito de uma lei aprovada pelo Kremlin depois do início da guerra, no que foi interpretado como uma forma de controlar os fluxos de informação sobre o que se passa na Ucrânia.
Depois do protesto de março, Ovsyannikova foi despedida do canal televisivo e obrigada a pagar uma multa de cerca de 250 euros. Entretanto, foi contratada pelo jornal alemão ‘Die Welt’, mas em julho regressou à Rússia para participar num processo sobre a custódia dos filhos, contra o marido que continuou a trabalhar na emissora russa e queria retirar direitos parentais a Ovsyannikova.
De regresso à Rússia, a jornalista continuou a criticar publicamente as ações de Moscovo na Ucrânia, sendo obrigada a pagar mais duas multas. Nesse mesmo mês, foi detida, ainda que por breves momentos, pela polícia russa e os seus advogados não afastaram a possibilidade de Ovsyannikova poder vir a ser alvo de novas investigações.