Pelo menos 16 oligarcas russos judeus com ligações a Putin receberam nacionalidade portuguesa

Desde março de 2022 que estão em vigor regras mais apertadas no que respeita à concessão de nacionalidade portuguesa pelo reconhecimento da origem sefardita dos candidatos mas, antes de serem aplicadas, passaram no ‘crivo’ quem já tinha feito os pedidos de cidadania e, desta forma, pelo menos 16 oligarcas russos judeus que têm ligações a Putin conseguiram a nacionalidade portuguesa, através do regime da chamada lei dos sefarditas.

Os casos são noticiados pelo Expresso, que analisou 115 nomes nas listas de pessoas certificadas pela Comunidade Israelita do Porto (CIP) como descendentes de judeus sefarditas, que não eram ainda conhecidos do público, e apurou que 25 destes tinham um perfil de relevo de ligações a Putin, seja pelo cargo profissional ocupado, relações pessoais ou pertença a instituições russas importantes.

Destes, 16 viram ser-lhes atribuída a nacionalidade portuguesa, após terem sido certificados pela CIP.

É o caso de Alexander Boroda, considerado o segundo judeu mais influente da Rússia, rendo rabino, presidente da Federação de Comunidades Judaicas Russas (FCJR) e diretor do Museu Judaico e Centro da Tolerância de Moscovo, que no chegou a tecer rasgados elogios a Putin já no ano passado.

Boroda assinou uma declaração a atestar a origem sefardita de Roman Abramovich que lhe permitiu obter o passaporte português, depois de, um mês antes, ter garantido para si a nacionalidade portuguesa. O rabino está na lista da organização do opositor russo Alexei Navalny de “fomentadores da guerra”; identificado como “defensor público de Putin”.

Mas são mais os nomes suspeitos, como oligarcas, elementos do Governo russo, do senado ou do parlamento, militares, funcionários estatais, ou banqueiros.

Para além de Abramovich, caso amplamente conhecido, registam-se os nomes de Lev Leviev, que é dono da maior empresa privada de diamantes do mundo, God Nisamov, oligarca alvo de sanções do Reino Unido, Gavril Yushvaev, oligarca com ligações a organizações criminosas e dono de casinos, bem como Alexander Smuzikok e Alexander Kaplan, ambos milionários que fizeram fortuna com o petróleo.

Há ainda na lista analisada Andrey Rapoport, banqueiro e administrados de empresas estatais russas no setor da energia, Mikhail Yurievich Pitkevich, com negócios no setor automóvel, financeiro, imobiliários, de construção e na agricultura, que chegou a ser deputado na Duma e vice-governador da região de Smolensk, Andrei Leonidovich Monosov, que trabalhou para o governo russo e que controla a empresa que acabou por ganhar o contratado para construir o edifício-sede do Comité Olímpico Internacional nos Jogos Olímpicos de Sochi, e cujo pai tem fortes ligações a Putin, Andrei Bilai, que teve vários cargos no Ministério do Interior da Rússia.

Leonid Rafailov, empresário do setor de bebidas alcoólicas também com ligação às industrias de defesa russas, foi certificado pela CIP, mas ainda não recebeu o passaporte português.

Por outro lado, já receberam a cidadania portuguesa empresários milionários como Igor Goikhberg, que ocupou cargos na direção da Gazprom-Media e responsável pelo Rutube, Alexander Volov, que foi CEO da OKNO-TV, empresa que fornece serviços de televisão, Andrei Mekhanik, presidente do conselho de administração de uma empresa de desenvolvimento de redes de televisão digital na Federação Russa com ligações à propaganda, ou Dmitry Usachev, dono da Arkada Master, empresa do setor ferroviário que faz contratos com o Governo russo.

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