‘Ouro líquido’. Azeite sobe mais de 100% desde 2022: preço aumenta quase 6 euros

Comprar uma garrafa de azeite de 75 centilitros pode atualmente custar 9,72 euros. De acordo com a DECO PROTeste, entre 9 de novembro de 2022 e 8 de novembro de 2023, este produto aumentou 4,7 euros, uma subida de 94%. Se o período de análise for estabelecido entre 17 de abril de 2023 (véspera da entrada em vigor do IVA zero) até aos dias de hoje, o azeite subiu de 7,52 para 9,72 euros, um aumento de 29,24%, ou seja mais 2,2 euros.

Se alargarmos a análise até à véspera do conflito na Ucrânia, a 23 de fevereiro de 2022, a subida é bem mais expressiva: de 4,65 para os atuais 9,72 euros, um ‘explosão’ de 109%, que se traduz em mais 5,07 euros.

A subida no preço de bens essenciais como o azeite tem contribuído para encarecer o cabaz alimentar de 63 produtos monitorizado pela organização há quase dois anos. A 8 de novembro, esta cesta atingiu os 228,09 euros, um aumento de 3,23 euros (mais 1,44%) em comparação com a semana anterior e o preço mais alto desde março deste ano.

O preço do cabaz alimentar monitorizado pela DECO PROTeste atingiu um valor recorde a 15 de março, chegando aos 234,84 euros. Contudo, a 18 de abril, com a entrada em vigor do IVA zero, verificou-se uma descida e estabilização no custo do cabaz.

Essa tendência inverteu-se em meados de setembro, altura em que o preço total do cabaz voltou às subidas, ultrapassando o valor registado no início do ano. Na primeira semana de 2023, esta cesta de bens essenciais custava menos 8,68 euros (menos 3,96%) do que a 8 de novembro. Já em comparação com a primeira semana de 2022, o valor registado esta semana representa um aumento de 40,39 euros (mais 21,52%).

Quais os produtos que mais aumentaram?

No último ano, os maiores aumentos de preço verificaram-se no azeite virgem extra, no arroz carolino e nas salsichas frankfurt. Veja o quadro:

O que motivou esta subida de preços?

A invasão da Rússia à Ucrânia, de onde eram provenientes grande parte dos cereais consumidos na União Europeia (e em Portugal) veio pressionar o setor agroalimentar, que estava há já vários meses a braços com as consequências da pandemia e da seca, que tiveram forte impacto na produção e na criação de stocks. A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente dos fertilizantes e da energia, necessários à produção agroalimentar, refletiu-se, por isso, num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor de produtos como a carne, os hortofrutícolas, os cereais de pequeno-almoço ou o óleo vegetal em 2022.

Os consecutivos aumentos dos preços ao consumidor, nomeadamente em produtos como a alimentação, contribuíram para o aumento da taxa de inflação para níveis históricos em 2022. No entanto, nos primeiros meses de 2023, a taxa de inflação do país começou a abrandar, uma tendência que se inverteu em agosto e voltou a recuar ligeiramente em setembro.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de inflação em outubro voltou a registar uma queda acentuada, atingindo os 2,1%, abaixo dos 3,6% verificados em setembro.

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