“O pessimismo económico abunda e é fácil perceber porquê”, diz economista sénior da Allianz GI

O aperto monetário, as inversões nas curvas de rendimento, a oscilação no mercado imobiliário, a restição da banca na concessão de crédito, todos estes fatores estão tipicamente associados a uma recessão, e não têm favorecido uma visão otimista para a economia mundial.

Apesar deste cenário, os últimos dados do PIB mostram que, por exemplo, a economia nos EUA está a crescer em torno de 2%, o que se reflete em ganhos reais para os consumidores

“Como é isso possível? Um dos motivos pelos quais o crescimento permaneceu resiliente é o excesso de poupança. O acumular desses fundos totalizou provavelmente cerca de 1,2 biliões de dólares [1,1 biliões de euros] no final de 2022, de acordo com os dados da Fed e os nossos cálculos”, explica Greg Meier, Diretor e economista sénior da Allianz Global Investors.

De acordo com Greg Meier, este cenário criou um “ambiente estranho” entre os consumidores que reclamam, mas, ao mesmo tempo, têm capacidade financeira para aumentar os seus gastos.

Com um clima de “pessimismo económico” a pairar, a próxima semana será marcada com os dados do investimento fixo na China na terça-feira, que surgem depois de uma reabertura após as grandes restrições decorrentes da pandemia. A meta de crescimento recém-divulgada pelo governo para 2023 de “cerca de 5%” estava no limite inferior das expectativas do mercado

Depois, o foco deve saltar da China para os EUA, onde os investidores irão digerir o último grande relatório de inflação antes da reunião da Fed de 20 a 21 de março.

As estimativas de consenso sugerem resiliência de preços subjacentes, com previsões a apontarem para um terceiro ganho mensal consecutivo de 0,4% no índice de inflação do CPI. “Embora a inflação anual possa diminuir de 5,6% para 5,4%, isso deve-se em parte aos efeitos de base (e ainda mais do que o dobro da meta de 2% do Fed)”, explica o economista sénior da Allianz GI.

Greg Meier sublinha, no entanto, que o principal evento na Zona Euro na próxima semana é a decisão de quinta-feira do Banco Central Europeu (BCE), onde se espera outro aumento de 50 pontos-base na taxa de juros. Fica a dúvida se serão anunciados novos aumentos no futuro.

“Estimativas preliminares mostraram que a inflação da Zona Euro subiu 8,5% ano a ano em fevereiro, mais do que o previsto pelo consenso de 8,2%. Os números finais – programados para serem divulgados na sexta-feira – podem mostrar um aumento de 8,6%”, explica.

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