O novo plano estratégico de três fases que a Ucrânia tem para combater os ataques de drones russos

A Ucrânia está a avançar rapidamente no desenvolvimento de drones intercetores, numa tentativa de neutralizar as aeronaves não tripuladas (UAVs) russas antes que estas consigam atingir alvos estratégicos no território ucraniano. O governo de Kyiv tem um plano em três etapas para aumentar as suas reservas de drones capazes de combater os UAVs de Moscovo no ar, incluindo os destrutivos drones Shahed de fabrico iraniano, conforme reportado pelo jornal alemão Bild.

Desde o início do conflito, há mais de dois anos e meio, a guerra entre a Ucrânia e a Rússia tem sido fortemente marcada pela corrida ao desenvolvimento e uso de drones, uma tecnologia que está a definir o rumo da guerra. Ambas as nações estão empenhadas em aprimorar as suas estratégias de combate a drones, numa tentativa de obter vantagem neste campo de batalha moderno.

A Ucrânia já implementou a primeira fase do seu plano de defesa, utilizando pequenos drones para derrubar os quadricópteros russos de reconhecimento e ataque que sobrevoam os céus ucranianos. De acordo com o Bild, tem sido frequente ver imagens de drones ucranianos, especialmente os conhecidos como FPV (First Person View), a enfrentarem UAVs russos em pleno ar. Vídeos de combate entre estas aeronaves demonstram a eficácia crescente das forças ucranianas, que já conseguiram abater vários drones russos durante estas operações.

Segunda fase: drones de asa fixa
Numa fase seguinte, a Ucrânia está a aumentar as suas reservas de drones de asa fixa, capazes de interceptar aeronaves russas a distâncias de até 60 quilómetros. Estes drones estão em fase de teste e, de acordo com o Bild, espera-se que entrem em operação ainda este ano.

Um exemplo recente é a empresa ucraniana Besomar, que anunciou o desenvolvimento de um drone interceptor de baixo custo, apelidado de “kamikaze”, que também pode ser utilizado em missões de reconhecimento. Este modelo de drone de asa fixa foi revelado pela imprensa militar ucraniana Militarnyi, que publicou imagens do novo dispositivo em ação.

Esta nova geração de drones promete ser uma peça-chave na estratégia ucraniana para manter o controlo do espaço aéreo e combater os ataques de Moscovo. A inovação e rápida produção destes veículos têm sido uma prioridade para Kyiv, numa altura em que as forças ucranianas se veem pressionadas a responder aos avanços tecnológicos da Rússia.

Terceira fase: intercetores de longo alcance
A terceira fase da estratégia de Kyiv envolve o desenvolvimento de drones intercetores rápidos e de longo alcance, especialmente concebidos para abater os drones Shahed de fabrico iraniano, utilizados pelas forças russas. Estes UAVs, também conhecidos pela designação russa Geran, têm sido extensivamente usados por Moscovo para atacar infraestruturas críticas na Ucrânia.

Na segunda-feira, a Força Aérea Ucraniana reportou que a Rússia havia lançado oito drones Shahed durante a noite, dos quais seis foram abatidos pelas defesas aéreas ucranianas. No entanto, dois drones conseguiram escapar ao controlo ucraniano, sendo possivelmente neutralizados pelos sistemas de guerra eletrónica, espalhados pelo território ucraniano.

A Ucrânia está a desenvolver drones com capacidade para interceptar os Shahed a uma distância de até 500 quilómetros, com a expectativa de que estejam operacionais no próximo ano. Esta fase é fundamental, pois os drones Shahed são baratos de fabricar e lançar, o que tem forçado a Ucrânia a utilizar recursos muito mais dispendiosos para os abater, como mísseis de defesa avançada.

A principal motivação para a criação destes novos drones interceptores é o custo elevado dos mísseis atualmente utilizados para abater UAVs russos. Mísseis de defesa aérea, como os fornecidos pelos sistemas Patriot dos EUA, podem ter preços que ultrapassam milhões de dólares por unidade. Isto contrasta fortemente com o baixo custo de produção e operação dos drones Shahed, que são significativamente mais económicos e têm sido usados de forma recorrente pela Rússia em ataques aéreos.

Com o desenvolvimento dos “drone killers”, a Ucrânia espera criar uma solução mais acessível para combater esta ameaça aérea, preservando assim os seus recursos mais caros para outras missões cruciais na defesa do país. Esta abordagem permitirá a Kyiv responder de forma mais eficiente e sustentável aos desafios colocados pela Rússia no campo de batalha tecnológico.

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