“Nunca quis ser um homem de negócios”: Fundador da Patagonia doa empresa para luta contra as alterações climáticas
A empresa de retalho norte-americana de roupas para atividade ao ar livre Patagonia foi doada a um fundo de caridade pelo seu fundador Yvon Chouinard, que a criou em 1973.
O multimilionário explicou que qualquer lucro que não voltasse a ser investido na gestão do negócio seria utilizado na luta contra as alterações climáticas, tendo em conta que é uma marca conhecida por se relacionar com movimentos de sustentabilidade e por querer garantir que as roupas que colocava a venda seria para toda a vida.
Para além de ser conhecida por um anúncio onde se podia ler “Não compre este casaco”, com o objetivo de fazer os compradores considerar os custos deste para o ambiente, agora, pode ler-se no website da empresa que “A Terra é agora o nosso único acionista”.
“Nunca quis ser um homem de negócios. Comecei como artesão, fazendo material de escalada para os meus amigos e para mim, e depois entrei no vestuário. Quando começámos a testemunhar a extensão do aquecimento global e da destruição ecológica, e a nossa própria contribuição para o mesmo, a Patagónia comprometeu-se a utilizar a empresa para mudar a forma como os negócios eram feitos. Se pudéssemos fazer a coisa certa e, ao mesmo tempo, fazer o suficiente para pagar as contas, poderíamos influenciar os clientes e outras empresas, e talvez mudar o sistema pelo caminho”, explica de seguida Chouinard.
Apesar de saber que a empresa estava a fazer o melhor que podia pela crise climática, admite que não era o suficiente. “Precisávamos de arranjar uma forma de angariar mais dinheiro para a luta contra esta crise enquanto mantínhamos intactos os valores da empresa.”
Entre as opções possíveis estava a venda da empresa, e a doação de todo o dinheiro, mas, nesta esta opção, “não conseguiam ter a certeza de que o novo dono manteria os nossos valores ou a nossa equipa”. Outra ideia era tornar a empresa pública, o que seria um “desastre” porque as empresas públicas “estão sob demasiada pressão para criar lucros a curto prazo à custa de vitalidade e responsabilidade a longo prazo”.
Por isso, criaram a sua própria opção de “utilizar a riqueza que a Patagónia cria para proteger a fonte de toda a riqueza”. E como é que isso funciona?
“100% das transferências de ações com direito a voto da empresa vão para o Patagonia Purpose Trust, criado para proteger os valores da empresa; e 100% das ações sem direito a voto foram entregues ao Holdfast Collective, uma entidade sem fins lucrativos dedicada ao combate à crise ambiental e à defesa da natureza. O financiamento virá da Patagónia: Todos os anos, o dinheiro que ganhamos após reinvestir no negócio será distribuído como um dividendo para ajudar a combater a crise”, conclui.