“Nunca foi tão barato”: Traficantes de pessoas usam o Tik Tok para anunciar travessias do Canal da Mancha a preços de saldo
Redes criminosas de tráfico humano que transportam ilegalmente migrantes até ao Reino Unido, através do Canal da Mancha, estão a usar as redes sociais para publicitar campanhas com preços mais reduzidos, e o número de travessias ilegais dispara.
A principal ferramenta que está a ser usada pelos traficantes é o Tik Tok e as “campanhas de verão” publicitadas mostram que os preços das travessias dos Canal da Mancha em barcos de borracha baixaram dos mais de 20 mil euros para os seis mil euros por pessoa, podendo chegar aos quatro mil e até mesmo aos 1.700.
Avança o ‘Daily Mail’ que essas campanhas a preços mais reduzidos são especialmente orientadas para albaneses, com frases como “Rápido albaneses, Inglaterra está à espera”, e apresentam mensagens como “os franceses não vos vão impedir, eles vão escoltar-vos em segurança até chegarem ao Reino Unido”. Slogans como “nunca foram tão baratas” procuram atrair cada vez mais pessoas para arriscarem a vida numa travessia feita em condições de segurança precária, em que são frequentes mortes por afogamento, fome e desidratação.
As informações apontam que as campanhas direcionadas para os migrantes albaneses têm como base o que se considera ser uma falha na lei britânica, que prevê que não seja possível deportar albaneses que cheguem ao Reino Unido como vítimas de tráfico humano para fins de trabalho forçado, explica o ‘Daily Mail’.
Estima-se que quatro em cada 10 migrantes ilegais que chegam à costa britânica a partir de França sejam provenientes da Albânia, com cerca de 1.075 albaneses a entrarem no Reino Unido por vias ilícitas entre maio e 12 de julho deste ano.
A imprensa britânica revela que pelo menos mil pessoas que chegaram a França nas últimas seis semanas – país de onde partirão depois para as ilhas britânicas, pelo Canal da Mancha – recorreu a uma dessas ofertas de verão.
Com temperaturas mais elevadas e um mar mais calmo, os traficantes querem atrair mais migrantes que procuram vidas melhores nos países do ocidente, especialmente no Reino Unido, apresentando garantias de que a travessias é segura.
As autoridades britânicas suspeitam que as travessias ilegais do Canal da Mancha são operadas por nove grupos de tráfico humano, e espera-se que os preços mais reduzidos façam aumentar o número de pessoas que chegam ilegalmente ao Reino Unido.
Ao ‘The Telegraph’, o antigo diretor da Guarda de Fronteira britânica, Tony Smith, contou que as redes criminosas estão a recorrer cada vez mais às redes sociais, em especial ao Tik Tok, “para encorajar mais pessoas” a arriscarem a travessia.
Só este ano, já terão chegado ao Reino Unido mais de 18 mil migrantes ilegais através do Canal da Mancha, avança a ‘BBC’, sendo que 700 chegaram apenas no dia 1 de agosto, estabelecendo um novo máximo diário.
O governo britânico já afirmou que “publicações usadas por traficantes humanos para promover travessias mortais são totalmente inaceitáveis e exige que as empresas de redes sociais envidem esforços para prevenir que as suas plataformas sejam exploradas”.