Novo decreto do Governo talibã proíbe mulheres afegãs de se ouvirem umas às outras
Os talibã no Afeganistão implementaram um novo decreto que visa restringir ainda mais as vozes das mulheres, que atualmente estão proibidas de falar em público.
Segundo Mohammad Khalid Hanafi, ministro talibã para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício, as mulheres devem abster-se de recitar o Alcorão em voz alta na presença de outras mulheres. “Quando as mulheres não têm permissão para fazer Takbir ou Azan (chamado islâmico para a oração), elas certamente não podem cantar canções ou música”, salientou ao Amu TV, canal de notícias afegão sediado na Virgínia, EUA.
“Mesmo quando uma mulher adulta reza e outra mulher passa, ela não deve rezar alto o suficiente para que elas ouçam… Como podem elas ter permissão para cantar se não têm sequer permissão para ouvir as vozes uma da outra enquanto rezam, muito menos para outra coisa qualquer”, precisou Hanafi.
A voz de uma mulher é considerada awrah, ou seja, aquilo que deve ser abafado e não deve ser ouvida em público, nem mesmo por outras mulheres, salientou o ministro.
As mulheres, incluindo especialistas em direitos humanos, temem que esse decreto vá além da oração e as impeça de conversar entre si, minimizando ainda mais sua presença social. Este novo decreto chega dois meses depois de os talibã terem implementado um novo conjunto de leis em agosto, que estabeleceram que as mulheres cobrissem o corpo inteiro, incluindo o rosto, ao sair.
Segundo os relatos de uma parteira em Herat, em declarações à ‘Amu TV’, as autoridades do Afeganistão proíbem trabalhadoras da saúde, as últimas afegãs autorizadas a trabalhar fora de casa, de falar, especialmente com parentes homens. “Nem nos permitem falar em postos de controlo quando vamos trabalhar. E nas clínicas, somos instruídas a não discutir questões médicas com parentes homens”, avançou.
Os talibã têm restringido cada vez mais os direitos das mulheres, até mesmo proibindo a educação formal, desde que regressou ao poder em 2021, após derrubar o regime apoiado pela NATO.