Noruega prepara-se para limitar venda de gás à UE e agrava crise energética
O governo da Noruega anunciou que está a planear reduzir as exportações de energia para os países da União Europeia. Sendo um dos principais fornecedores de eletricidade do continente, o recuo de Helsínquia agravará ainda mais a crise energética que se tem vindo a intensificar desde que a Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro.
Esta segunda-feira, o ministro norueguês da Energia, Terje Aasland, afirmou que o país dará prioridade à segurança das suas próprias reservas energéticas, que se caírem abaixo dos níveis mínimos estabelecidos levará a Noruega a suspender o envio de energia para o estrangeiro.
A Noruega produz grande parte da sua eletricidade através de centrais hidroelétricas, pelo que, se os níveis de água ficarem abaixo dos níveis normais, o país ativará o corte nas exportações, um cenário possível visto que na primavera choveu menos do que antecipado, de acordo com a ‘Bloomberg’.
“Na prática, isto implicará mecanismos de controlo que limitem a possibilidade de exportar na eventualidade de reservas reduzidas,” explicou o ministro a uma comissão do parlamento norueguês, citado pelo mesmo órgão de comunicação, e o governo vai trabalhar nesse mecanismo durante esta semana para que possa ser implementado o mais rapidamente possível.
De recordar que a Noruega, apesar de não ser Estado-membro da União Europeia, envia um quinto da energia que produz para o bloco dos 27, através da produção hidroelétrica e vendida a preços mais reduzidos, pelo que se deixar de exportar energia a Europa sofrerá mais um duro golpe na sua segurança energética e um passo mais próxima de uma crise sem precedentes.
O setor energético norueguês avisa que qualquer corte no fornecimento de energia à UE deverá acontecer em cumprimento das regras do mercado único energético, do qual a Noruega faz parte.
“Se há algo de que não precisamos em tempos difíceis é erodir a cooperação e a previsibilidade do comércio de energia e do fluxo de que a transição energética europeia dependente”, refere Toini Lovseth, da EnergiNorge.
Contudo, o ministro da Energia salienta que a probabilidade de um corte no abastecimento de energia à UE é reduzida, mas, ainda assim, possível.