Neutralidade de carbono da China. Compromisso exige inversão completa do sistema

O Presidente da China, Xi Jinping, surpreendeu a Assembleia Geral das Nações Unidas, com uma promessa ambiciosa. Comprometeu-se a atingir o pico das emissões de dióxido de carbono antes de 2030 e a reduzir as emissões para zero até 2060.

A promessa do maior poluidor climático do mundo, apresentada no evento, na semana passada, é considerada pelos ambientalistas como o “passo mais importante para enfrentar a crise climática” desde que o Acordo Climático de Paris apelou aos governos globais para reduzirem as emissões de carbono, numa tentativa de limitar o aquecimento global muito abaixo dos 2º C acima dos níveis pré-industriais.

Sendo o maior consumidor mundial de carvão e o segundo maior consumidor de petróleo – atrás dos Estados Unidos – a China produz mais de um quarto das emissões anuais de carbono do mundo.

O consórcio de investigação Climate Action Tracker calculou que se a China conseguir efectivamente cumprir aquilo que promete, as suas ambições reduziriam efectivamente 0,2 a 0,3°C das previsões de aquecimento global para 2100, para cerca de 2,4 a 2,5°C acima dos níveis pré-industriais. Isto ainda está muito acima do limite de aquecimento de 1,5˚C que os signatários do acordo de Paris de 2015 esperavam alcançar, mas é um passo mais próximo.

A directora executiva da Greenpeace International, Jennifer Morgan, disse ao The Guardian que o compromisso da China de se tornar neutra em carbono antes de 2060 “envia um forte sinal de que a realidade da crise climática”. “Contudo, as acções falam mais alto do que as palavras”, acrescentou.

Neste sentido, “há duas questões-chave: como é que a China vai garantir que as suas acções correspondem aos seus compromissos? E, em segundo lugar, Washington [Estados Unidos] vai juntar-se a ela?”

A China ainda não deu pormenores sobre como alcançaria o ambicioso objectivo de neutralidade de carbono. A acção requer mudanças geopolíticas e económicas poderosas que têm implicações importantes para o futuro dos combustíveis fósseis, tecnologias de baixo teor de carbono e diplomacia climática.

A maior redução de emissões registada exigiria nada menos que uma inversão completa do sistema energético existente na China, um sistema que promete reverberar em todos os mercados energéticos globais.

A promessa da China surgiu dias depois de a União Europeia ter endurecido as suas próprias metas climáticas para 2030, aumentando as hipóteses de uma poderosa coligação económica entre as duas que cobriria um terço das emissões de carbono do mundo.

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