Medidas do Governo “ajudam as empresas a endividarem-se cada vez mais”, diz ANCEVE
A ANCEVE – Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas, uma Associação empresarial do sector dos vinhos, que inclui empresas do setor por todo o país, já tinha alertado no mês passado para o aumento continuado dos preços das matérias primas, dos materiais de engarrafamento, dos transportes e dos custos em geral, e o facto de isso estar a levar muitos pequenos e médios produtores à beira da falência.
Tendo em conta o aumento dos preços dos combustíveis, dos adubos e outros materiais agrícolas, da eletricidade, das caixas de cartão, das garrafas, dos rótulos, das rolhas e das cápsulas, assim como problemas no abastecimento dos materiais de engarrafamento, aumento dos custos e transportes e escassez de mão de obra, a ANCEVE pediu ao Governo em agosto, um plano extraordinário de apoio à fileira do vinho:
– Apoio à tesouraria, sem juros, para que Adegas Cooperativas e compradores de uva possam pagar aos vitivinicultores as uvas logo após a vindima e devolver o apoio ao longo de 2023;
– O preço dos combustíveis disparou. O gasóleo agrícola, um produto tão sensível para o agro-alimentar, subiu de €0,83 para quase €1,80 o litro. Não faz sentido que o Estado cobre tantos impostos nesta área. Deveria ser implementado um reforço do apoio assertivo nesta matéria;
– Apoio ao investimento em barricas / tonéis de madeira para estágio de vinho (em 2021 existiu um apoio para inox);
– Vidro – apoio para a “stockagem” de garrafas (dada a escassez no mercado e o aumento continuado dos preços), a enquadrar legalmente, em diálogo com a União Europeia;
– Promoção – no âmbito dos programas de promoção de vinho, criar uma linha específica para pequenas/médias empresas, com candidaturas muito simples e apoios forfetários à imagem do Vitis, para realização de acções de promoção a partir de Janeiro de 2023, medida a enquadrar legalmente, também em diálogo com a União Europeia.
“E o que aconteceu foi que apenas o gasóleo agrícola mereceu alguma atenção, apesar de os preços em Portugal continuarem, mesmo assim, bem mais altos do que, por exemplo, na vizinha Espanha”, explica a associação em comunicado, acrescentando que “o remanescente das medidas anunciadas com pompa e circunstância é basicamente uma ferramenta que, na prática, ‘ajuda’ as empresas a endividarem-se cada vez mais”.
“A fileira vê com tristeza que o Ministério da Agricultura, que deveria facilitar e apoiar o desenvolvimento do sector, é hoje uma estrutura fragilizada (que perdeu para outros Ministérios pilares históricos, tradicionais e fundamentais da sua atuação), excessivamente burocratizada, despojada de estratégia, sem força política e sem rumo.”
Deste modo, a ANCEVE diz que “é urgente e imperioso que, neste momento tão dramático e excecional, o Governo aceite, de uma vez por todas, agilizar um plano extraordinário e específico de apoio à fileira do vinho”.