“Marcha pela Europa”: Dezenas de milhares saem às ruas na Geórgia para demonstrar compromisso com a UE, depois de “não” de Bruxelas

As demonstrações acontecem depois de, na sexta-feira passada, a Comissão Europeia ter afirmado que o país ainda tem trabalho a fazer antes de poder ser considerado para o estatuto de país-candidato.

Esta segunda-feira, dia 20 de junho, cerca de 60 mil georgianos saíram às ruas para demonstrar que se mantêm firmes no apoio da aspiração do país para se tornar Estado-Membro da União Europeia (UE). Brandindo bandeiras da Geórgia e da UE, os manifestantes percorreram as ruas de várias cidades para assegurar que o “não” recebido de Bruxelas não vai demover a determinação europeísta do país do Cáucaso e exigiram que o governo faça as reformas necessárias para responder aos requisitos exigidos pela CE.

Helen Khoshtaria, do partido Droa, publicou na sua página no Twitter que grupos de estudantes também se juntaram à manifestação e declara que “o lugar da Geórgia é na Europa”.

Conta a ‘AFP’ que a demonstração pública foi promovida e organizada por grupos pró-democracia georgianos para “mostrar o compromisso do povo georgiano para com a sua escolha europeia e valores ocidentais”.

A Geórgia viu negada a sua aspiração para alcançar o estatuto de país-candidato à UE, quando no dia 17 de junho, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que esse país teria ainda de implementar certas reformas a nível nacional para poder ser considerado um candidato adequado. Nesse mesmo dia, o executivo europeu recomendou aos líderes dos 27 Estados-Membros a atribuição desse mesmo estatuto à Ucrânia e à Moldova.

Mas a porta da UE continua aberta. Von der Leyen explicou, na altura, que a Geórgia “tem o mesmo potencial” que a Ucrânia e a Moldova para poder vir a ser considerada como candidata no futuro. No entanto, a Presidente da CE avisou que o país deve primeiramente alcançar a união política interna, entre outras reformas, para poder ser considerada para o estatuto que lhe foi negado há três dias.

“A Europa é uma escolha e uma aspiração histórica dos georgianos, pelas quais todas as gerações deram as suas vidas”, dizem os organizadores da marcha, citados pelo ‘Euractiv’. “Liberdade, paz, estabilidade económica, proteção dos Direitos Humanos e justiça são os valores que nos unem a todos, e que seriam garantidos pela integração na União Europeia”.

Durante o fim-de-semana, a decisão de Bruxelas mereceu reações por parte da esfera política da Geórgia, com Irakli Kobakhidze, líder do partido “Sonho Georgiano”, com maioria no parlamento, a caracterizar o veto como “desolador”, cita a ‘Euronews’.

Em tom irónico, afirma que “a Geórgia, ao contrário, da Ucrânia e da Moldova, não fez ainda os sacrifícios necessários”, acusando a UE de já ter esquecido “os sacrifícios e a carnificina” sofridos pelo povo georgiano no contexto do conflito de 2008, em que os confrontos entre forças georgianas e forças separatistas pró-Rússia na região da Abecásia levaram a inúmeras mortes e deslocados internos.

Por seu lado, a Presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili, assegurou os georgianos que “a Europa não nos abandonou”, reconhecendo que “temos agora uma lista de prioridades que têm de ser cumpridas”.

Esta segunda-feira, o Primeiro-Ministro da Geórgia, Irakli Garibashvili, disse que “assim que o Conselho Europeu aprovar as recomendações, começaremos de imediato a trabalhar com Bruxelas”, garantindo que várias das recomendações já fariam parte da agenda do governo de Tbilisi. “Vamos trabalhar e conseguir o estatuto de candidato”, afiançou Garibashvili.

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