Mais de 460 mil portugueses ainda estão em privação severa, mas número é o mais baixo de sempre

O Inquérito às Condições de Vida e Rendimento do Instituto Nacional de Estatística (INE) realizado em 2020, com base nos rendimentos de 2019, indica que a população portuguesa que vivia em situação de privação material severa baixou para 4,6% no ano passado. Isto significa que mais de 460 mil portugueses estavam nesta situação em 2020, no entanto, o número nunca foi tão baixo.

A condição de privação material severa ocorre quando um agregado não tem acesso a, pelo menos, quatro de uma lista de nove itens relacionados com necessidades económicas e bens duráveis, por exemplo a incapacidade para assegurar o pagamento imediato de uma despesa inesperada sem recorrer a empréstimo. Este indicador constitui também um fator que aumenta a taxa de pobreza ou exclusão social, que em 2020 foi de 19,8% (face a 21,6% no ano anterior).

A informação recolhida pelo INE sobre a privação material, no ano passado, confirma a tendência para a redução da privação, ou seja, cada vez menos portugueses estão numa situação económica em que não conseguem responder a necessidades básicas ou para aceder a determinados bens.

No entanto, esta tendência decrescente não se verificou no caso da falta de capacidade financeira para ter uma refeição de carne ou de peixe (ou equivalente vegetariano), pelo menos de dois em dois dias. Este indicador aumentou de 2,3% em 2019 para 2,5% em 2020, segundo dados do INE.

Além disso, e apesar da diminuição no que toca à taxa de pobreza, continuou a verificar-se que 38% dos portugueses viviam em agregados familiares sem capacidade para pagar uma semana de férias por ano. E quase um terço das pessoas encontrava-se em agregados que não tinham “capacidade para assegurar o pagamento imediato, sem recorrer a empréstimo, de uma despesa inesperada de 500 euros”.

Adicionalmente, quase um quinto dos portugueses viviam em agregados sem capacidade para manter a casa adequadamente aquecida, e 5,4% das pessoas viviam em agregados sem capacidade para pagar atempadamente rendas, encargos ou despesas correntes. Também 4,4% das pessoas viviam em agregados sem disponibilidade de automóvel, de acordo com a agência de estatística.

De acordo com o indicador que conjuga as condições de risco de pobreza, de privação material severa e de intensidade laboral per capita muito reduzida, 2037 milhares de pessoas, ou seja, 2,037 milhões de portugueses, encontravam-se em risco de pobreza ou exclusão social no ano passado (com base em rendimentos de 2019), segundo o INE.

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