Legislativas: Marcelo não quer substituir Montenegro por Passos, critica PS por ‘alimentar’ o Chega e disse aos outros partidos o que não disse a Ventura

O Chega foi tema principal em muitas das reuniões mantidas por Marcelo Rebelo de Sousa com os partidos, após as eleições legislativas, revelou esta terça-feira o jornal ‘Observador’. Recorde-se que André Ventura, esta segunda-feira, saiu do Palácio de Belém com a garantia de que o Presidente da República não está a evitar a presença do Chega no Governo, uma declaração que obrigou Marcelo a emitir uma nota oficial a garantir que “não comenta” declarações de partidos.

De acordo com o jornal online, nas audiências foi comentado a subida do Chega nas intenções de voto, com Marcelo a relembrar os avisos feitos nas comemorações do 25 de Abril de 2018. “Os vazios que venham a ser deixados pelos protagonistas institucionais alimentarão tentações perigosas de apelos populistas e até de ilusões sebastianistas messiânicas ou providencialistas”, ilustrou na altura o Presidente. Seis anos volvidos, Marcelo considera que não foi dado o devido valor às suas palavras e que o PS contribuiu para isso – o Presidente transmitiu essa ideia aos partidos já ouvidos, salientando que os socialistas alimentaram o crescimento do Chega propositadamente.

Nas reuniões, Marcelo criticou ainda quem defende que o PSD não deveria estabelecer um cordão sanitário ao Chega, com Pedro Passos Coelho no centro das críticas presidenciais, que defende que os sociais-democratas devem aproximar-se do CDS e Iniciativa Liberal e deixar o Chega à margem.

“O Presidente da República desmentiu cabalmente que tivesse manifestado qualquer intenção de impedir que o Chega fizesse parte integrante, liderante ou de qualquer outra forma do Governo”, assegurou André Ventura, ainda no Palácio de Belém. No entanto, a realidade pode ser outra: Marcelo não considera a hipótese de um Governo à direita sem Luís Montenegro e não permitiria que alguém que não se apresentou a eleições pudesse ser indigitado primeiro-ministro.