Lacerda Machado e Vítor Escária devem ser ouvidos esta quinta-feira em tribunal

Os arguidos detidos no âmbito do inquérito que investiga negócios de exploração de lítio e hidrogénio começam hoje a ser ouvidos pelo juiz no Campus de Justiça, em Lisboa, depois de na quarta-feira apenas terem sido identificados.

Os cinco arguidos detidos estiveram na quarta-feira no tribunal, mas apenas para ser identificados, tendo as respetivas defesas consultado o processo, para tomar conhecimento dos factos imputados pelo Ministério Público.

Hoje, devem iniciar-se os interrogatórios, conduzidos pelo juiz de instrução criminal Nuno Dias Costa.

O presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, e Afonso Salema, administrador da sociedade Start Campus, detidos no âmbito da investigação aos negócios do lítio e hidrogénio verde, vão prestar declarações no interrogatório judicial, afirmaram na quarta-feira seus os advogados, à entrada para o tribunal.

A operação de terça-feira do Ministério Público assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.

O ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, foram constituídos arguidos.

Segundo documentos a que a Lusa teve acesso, Lacerda Machado terá usado a sua amizade com o primeiro-ministro para influenciar decisões do Governo e de outras entidades relativamente a projetos da sociedade Start Campus.

Este processo visa as concessões de exploração de lítio de Montalegre e de Boticas, ambos em Vila Real; um projeto de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal, e o projeto de construção de um ‘data center’ na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.

Deste caso, decorre uma investigação autónoma ao primeiro-ministro, no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos negócios investigados, o que levou António Costa a apresentar a sua demissão ao Presidente da República.

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