Kremlin admite cooperação “sensível” com Irão mas não confirma mísseis

A Rússia vai manter a cooperação em questões sensíveis com o Irão, disse hoje o Kremlin, que ressalvou que informações sobre fornecimentos de armas da república islâmica a Moscovo “nem sempre correspondem à realidade”.

“Vimos esta informação [sobre o fornecimento de mísseis balísticos iranianos à Rússia]. Essas informações nem sempre correspondem à realidade”, afirmou o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, na conferência de imprensa diária, acrescentando que o Irão é “um parceiro importante” para Moscovo.

“Desenvolvemos a nossa cooperação e o nosso diálogo em todos os domínios possíveis, incluindo os mais sensíveis. E continuaremos a fazê-lo no interesse das nações dos nossos dois países”, afirmou.

O Irão negou, por mais de uma vez, o fornecimento de armas à Rússia para serem utilizadas na guerra na Ucrânia, depois de, num relatório publicado na sexta-feira passada, ter sido afirmado que Teerão tinha fornecido a Moscovo mísseis balísticos de curto alcance, citando funcionários norte-americanos e europeus.

“O Irão considera desumana a prestação de assistência militar às partes envolvidas no conflito, que conduz a um aumento do número de vítimas humanas, à destruição de infraestruturas e ao distanciamento das negociações de cessar-fogo”, afirmou a missão permanente do Irão junto das Nações Unidas, em comunicado.

Segundo a imprensa, o antigo ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, deslocou-se várias vezes a Teerão para organizar o fornecimento de armas iranianas.

Hoje, em Teerão, um alto comandante da Guarda Revolucionária iraniana negou que o Irão esteja a fornecer mísseis balísticos à Rússia para serem usados na guerra na Ucrânia, alegação que a União Europeia (UE) está a analisar.

“Nenhum míssil foi enviado para a Rússia e qualquer alegação nesse sentido é uma guerra psicológica”, disse o vice-comandante do quartel-general de Khatam al-Anbiya, general Fazlollah Nozari, em declarações veiculadas pela agência de notícias ILNA.

“A posição da República Islâmica do Irão sobre a guerra na Ucrânia, que tem sido repetidamente anunciada, é que não apoia nenhuma das partes envolvidas”, acrescentou o oficial militar de Khatam al-Anbiya, o quartel-general unificado das Forças Armadas iranianas.

A poderosa Guarda Revolucionária é responsável pela supervisão do programa de mísseis balísticos do Irão.

Meios de comunicação social norte-americanos, como o The Wall Street Journal, noticiaram recentemente o envio de mísseis balísticos de curto alcance para a Rússia, citando funcionários norte-americanos e europeus.

O Governo iraniano negou repetidamente o fornecimento de armas a Moscovo, sendo exemplo disso as declarações de hoje.

“Rejeitamos veementemente as alegações sobre o papel do Irão na exportação de armas para uma das partes na guerra na Ucrânia e consideramos que estas alegações e afirmações são o resultado da agenda política daqueles que as fazem”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Naser Kanani, numa conferência de imprensa.

Apesar dos repetidos desmentidos, a UE está atualmente a analisar “informações credíveis” fornecidas pelos Estados-membros sobre a entrega de mísseis balísticos à Rússia pelo Irão para serem utilizados na guerra na Ucrânia.

“Estamos cientes de informações credíveis fornecidas por aliados sobre a entrega de mísseis balísticos iranianos à Rússia”, disse o porta-voz da diplomacia da UE, Peter Stano, à agência espanhola EFE.

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