Jornalista russa do Novaya Gazeta gravemente agredida na Chechénia

Elena Milachina foi atacada depois de se ter deslocado à república do Cáucaso para cobrir o veredicto do julgamento de Zarema Moussaieva, mulher de um juiz de origem chechena.

“Elena Milachina tem os dedos partidos e perde ocasionalmente a consciência”, disse a organização não-governamental (ONG) no comunicado divulgado hoje, adiantando que “a jornalista tem o corpo coberto de nódoas negras”.

A viatura em que viajavam a jornalista e o advogado do jornal Alexander Nemov foi atacado por “homens armados” no trajeto entre o aeroporto e a capital chechena, Grozny.

“Foram violentamente espancados com pontapés, incluindo na cara, e ameaçados de morte com uma arma apontada à cabeça”, disse a Memorial frisando que a jornalista foi diretamente ameaçada de morte.

“Nós avisámos. Saiam daqui e não escrevam nada”, disseram os atacantes no momento da agressão.

A jornalista e o advogado, que “quase não fala nem se mexe”, estão hospitalizados, refere a ONG.

As autoridades chechenas já tinham demonstrado animosidade contra a jornalista Elena Milachina que, entre outras notícias, documentou execuções extrajudiciais na república russa do Cáucaso.

Em fevereiro de 2022, foi forçada a abandonar a Rússia depois de o líder checheno Ramzan Kadyrov ter ameaçado acusar a jornalista como “terrorista”.

Na terça-feira, a jornalista e o advogado deslocaram-se a Grozni para assistir à leitura da sentença de Zarema Moussaieva, a mulher de um antigo juiz federal russo de origem chechena, Saidi Iangoulbaiev, opositor de Kadyrov.

Zarema Moussaieva foi presa em janeiro de 2022 no norte da Rússia pelas forças de segurança chechenas e forçada a regressar ao Cáucaso.

Acusada de “fraude” e de “uso da força” contra um agente da polícia, Moussaieva, 53 anos, pode ser condenada até cinco anos e meio de prisão.

A Novaya Gazeta é uma das raras publicações independentes na Rússia.

O chefe de redação, Dmitri Muratov, foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz em 2021.

O interesse do jornal, nomeadamente na cobertura das violações dos direitos humanos na Chechénia, custou a vida a vários jornalistas, nomeadamente Anna Politkovskaia.

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