Jogos Paralímpicos arrancam esta quarta-feira em Paris: Portugal vai estar representado por 27 atletas
Arrancam, esta quarta-feira, em Paris, os Jogos Paralímpicos: em ação vão estar 4.400 atletas com deficiência – alguns dos quais serão portadores da tocha, que percorreram 12 cidades francesas – que vão competir em 23 disciplinas, desde o râguebi em cadeira de rodas ao paraatletismo.
O tema principal dos Jogos Paralímpicos deste ano é a inclusão: 20 dos 150 bailarinos que vão participar na cerimónia de abertura têm algum tipo de deficiência.
Na sequência do tema principal dos Jogos Paralímpicos deste ano, que começam já na próxima quarta-feira em Paris, ser a inclusão, a abertura será igualmente inclusiva, mas sem “clichés heroicos” associados às pessoas com deficiência, disse o diretor artístico da coreografia de abertura, Thomas Jolly.
“Colocar os atletas paralímpicos no coração da cidade já é um gesto político porque Paris não está suficientemente adaptado a pessoas com deficiência”, destacou Jolly durante um workshop em Saint-Denis, onde foram confecionados os figurinos das cerimónias de abertura e de encerramento dos Jogos Olímpicos e dos Jogos Paralímpicos.
“Devemos afastar-nos dos estereótipos de heróis relacionados com as pessoas com deficiência porque não há nada de heroico em enfrentar os desafios quotidianos (…) relacionados às barreiras sociais e urbanas”, acrescentou o diretor.
Considerada como ‘paradoxal’, a cerimónia tentará valorizar todos os corpos e fazer com que as pessoas reflitam sobre a sua singularidade.
Assim como a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, a abertura paralímpica, marcada para 19 horas desta quarta-feira em Portugal, irá acontecer fora de um estádio, na Place de la Concorde e na Champs-Elysées.
A coreografia da abertura estará sob o comando do sueco Alexander Ekman, mundialmente reconhecido pelas mais de 50 criações artísticas e colaborações com a Ópera de Paris e o Boston Ballet.
Portugal vai a Paris para “competir e não apenas participar”
Os portugueses vão aos Jogos Paris2024 para “competir e não apenas para participar”, garante o presidente da Comissão de Atletas Paralímpicos, destacando a importância da equiparação das condições de preparação à dos olímpicos no atual ciclo.
“A Missão está motivada, vamos para competir, ninguém vai lá só para participar”, garantiu o nadador Daniel Videira, que lidera a comissão de atletas desde 2023, lembrando que em Paris2024 os 27 portugueses da comitiva “vão estar a competir com os melhores dos melhores”.
Daniel Videira disse estar certo de que “os atletas estão preparados” e considerou que os Jogos Paris2024, que começam na quarta-feira, vão ser especiais, mesmo para os atletas que estiveram há três anos no Japão.
“Os Jogos Tóquio2020 [disputados em 2021] foram muito condicionados pela pandemia de covid-19, portanto, na verdade, estes vão ser os verdadeiros primeiros Jogos”, referiu.
O presidente da comissão de atletas, que somará em Paris a sua segunda participação paralímpica, considera que a equiparação das condições de preparação à dos olímpicos no ciclo Paris2024 foi uma mais-valia e permitiu um maior foco na preparação para a competição.
“A preparação ter sido ao mesmo nível dos atletas olímpicos no que diz respeito a bolsas e prémios ajudou muito a que os atletas possam perceber que isto pode ser uma forma de vida e se possam focar no seu desporto”, afirmou Daniel Videira.
O nadador do GesLoures considerou que a equidade entre atletas olímpicos e paralímpicos, que tem vindo a ser feita de forma gradual e que neste ciclo foi completa, permite que os atletas possam também planear o seu futuro.
“Sabemos sempre que o desporto não pode ser sempre a este nível ao longo da vida. Mais tarde ou mais cedo, acaba, mas enquanto somos atletas, podemos pensar no nosso futuro e trabalhar para atingir os nossos objetivos”, disse.
Daniel Videira junta-se ao apelo, já feito por vários responsáveis do Comité Paralímpico de Portugal (CPP), da necessidade de renovação no desporto paralímpico.
“Agora, com as condições equiparadas, o grande desafio é o trabalho de base, que permita o aparecimento de novos atletas. Apareceram alguns novos, mas não sabemos se são casos esporádicos ou fruto de um trabalho de base”, afirma.
A quatro anos dos Jogos Los Angeles2028, Daniel Videira deixa o alerta de que “só aumentando a base podem vir os resultados”, ciente de que as “medalhas e os diplomas” pelos quais “todos vão querer lutar em Paris2024”, são uma “montra” para que mais pessoas com deficiência cheguem ao alto rendimento.
O contrato-programa de preparação para os Jogos Paralímpicos Paris2024 tem um valor global de 9,2 milhões de euros e as bolsas pagas aos atletas paralímpicos, bem como os prémios pela conquista de medalhas, são iguais às dos atletas olímpicos, valendo uma medalha de ouro um prémio de 50.000 euros, uma de prata 30.000 e uma de bronze 20.000.
Portugal vai estar representado nos Jogos Paris2024, que decorrem entre quarta-feira e 08 setembro, por 27 atletas, que vão competir num número recorde de 10 modalidades.