João Duque: “A Administração Pública é uma anedota em termos de avaliação”

João Duque, professor de gestão do Instituto Superior de Economia e Gestão, ISEG, defendeu hoje, durante a 21.ª Conferência da Executive Digest, que “o Estado deve ser mais parecido com a realidade das empresas”.

Para o académico, o Estado devia “prestar menos serviços concretos, dentro de bens e serviços e um Estado que deve pensar mais estrategicamente com regras, avaliação, execução avaliação, punindo quem não cumpre e laureando quem cumpre”.

Assim neste quadro, o Estado presta serviços apenas quando tem de ser modelo. O professor dá como exemplo a RTP. “Neste caso o Estado tem uma televisão pública para ter um modelo de comportamento. Devemos ter um Estado que pede aos outros para fazer, mas mais preocupação da governação da coisa”, acrescenta João Duque.

Para o professor universitário, o Governo deve ainda ter um limite superior à despesa primária de 35% do PIB, para limitar promessas e penalizações.

João Duque lembra ainda a necessidade  de ter avaliações sérias de funcionários e organizações. “Temos avaliações pessoais hoje e dia que não servem para nada, não têm consequências, não dão remuneração nem exclusão na administração pública”.

“Quando me tornei presidente ISEG, havia uma pessoa com péssima avaliação e disseram-me que devíamos dar uma boa classificação, que assim essa pessoa concorria para outro lugar”, conta.

“A Administração Pública (AP) é uma anedota em termos de avaliação. Numa empresa privada quem não cumpre um orçamento vai embora, na AP não”. O professor universitário aproveitou ainda para atacar a Anacom, “um regulador cujo leilão foi uma anedota, que o Primeiro-ministro condenou e que não teve nenhuma consequência”.

Por fim, João Duque defende que deve ser criado “um prémio anual com visibilidade pública para enaltecer os laureados”.

Questionado pelos leitores da Executive Digest sobre quais os estímulos públicos necessários para recuperar a economia pós-Covid, o antigo presidente do ISEG afirma que é preciso um investimento produtivo na área digital, no 5G, numa ferrovia que está por reativar”.

“Há ainda um aeroporto para fazer e portos para rever. É preciso um investimento estruturante para que outros façam mais rápido e melhor. Não é função do Estado transportar pessoas de avião de um lado para o outro. Assim Portugal também poderia ter uma cadeia de hotéis” , remata o professor universitário.

Decorre hoje, no Museu do Oriente em Lisboa, a 21.ª Conferência Executive Digest com o tema “Desafios e Oportunidades – na Economia Pós-Covid”. Neste evento, 12 presidentes, CEO e gestores estão a subir ao palco para traçar possíveis caminhos para o futuro dos negócios e da economia em Portugal.

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