Huawei em risco nas redes 5G do Reino Unido e França. Países invocam problemas de segurança
O Reino Unido não deverá permitir a entrada da Huawei no desenvolvimento da sua rede de 5G. Porém, nem todos os países põem um travão a fundo na participação da tecnológica chinesa: França, por exemplo, decidiu que irá receber a Huawei, mas com fortes restrições.
Em Janeiro deste ano, o governo de Boris Johnson anunciava que a Huawei poderia ter um papel limitado na rede 5G do Reino Unido. Isto significava que a empresa poderia participar na construção da infra-estrutura necessária a esta nova geração de rede, mas ficava de fora de outras áreas-chave.
A decisão gerou controvérsia e abalou as relações de Boris Johnson com Donald Trump. Ontem, o ministro britânico com o pelouro do Digital, Cultura, Media e Desporto, veio dizer que o plano de o Reino Unido permitir à Huawei fazer parte da criação da rede 5G não é definitivo. A decisão «está a ser revista na sequência das novas sanções anunciadas em Maio pelos EUA», uma vez que põem em causa a segurança e a credibilidade da Huawei enquanto fornecedor.
A Huawei, por seu turno, garante que está a trabalhar com os seus clientes para encontrar formas de gerir as restrições que os EUA impuseram. «Como sempre, permanecemos abertos a dialogar com o governo», sublinhou Victor Zhang, vice-presidente da Huawei no Reino Unido, em declarações reportadas pelo jornal CíncoDias. O executivo considera que ainda é cedo para avaliar o impacto das restrições, que descreve como estando relacionadas com a posição de mercado e não com segurança.
Paul Harrison, head of International Media da Huawei, mostrou-me menos flexível. Numa publicação no Twitter, escreveu que os EUA deveriam respeitar o direito do Reino Unido escolher com quem quer trabalhar. Perguntou ainda se a Casa Branca vinha substituir o Parlamento Europeu na era pós-Brexit.
O Reino Unido poderá, devido a esta crise com os EUA, ser o próximo país a riscar a Huawei da lista de parceiros na construção da rede 5G, tal como já acontece também com Singapura, Austrália, Nova Zelandia, Japão e Taiwan.
França, por outro lado, apresenta uma abordagem menos rígida. Embora tenha dúvidas sobre o estabelecimento de um acordo com a tecnológica chinesa, não deverá optar por banir a Huawei por completo.
Segundo avança o diário económico Les Echos, o país liderado por Emmanuel Macron vai restringir fortemente a utilização de equipamentos da Huawei no desenvolvimento de redes móveis 5G por parte dos operadores de telecomunicações. Invoca razões de soberania e independência.
Segundo Guillaume Poupard, director-geral da Agence nationale de la sécurité des systèmes d’information (Anssi), «não haverá uma proibição total», mas é preciso reconhecer que nem todos os fabricantes são iguais. «O risco não é o mesmo com fabricantes europeus e com não europeus», afirma, adiantando que Nokia e Ericsson não serão alvo de restrições.
Bouygues Telecom e SFR são os operadores de telecomunicações presentes em França que já contam com equipamentos da Huawei. Nestes casos, é dada uma autorização de três a oito anos, que terá de ser renovada.