“Há uma oportunidade de Portugal ser um hub digital de referência para o mundo”, afirma José Gonçalves, Presidente da Accenture

“E agora Portugal?”. Este foi o tema que José Gonçalves, Presidente da Accenture Portugal, levou ao palco do Museu do Oriente durante a sua apresentação na XXII Conferência da Executive Digest.

José Gonçalves acredita que Portugal tem um conjunto de desafios sistémicos, ao que se acrescenta atualmente a pandemia e a guerra. “Por outro lado, Portugal é capaz. Temos talento, características únicas e posicionamento em várias áreas que fazem acreditar que somos capazes”.

Para o Presidente da Accenture, 2022 apresenta-nos um novo contexto. A guerra foi um grande fator de interrupção com o aumento dos preços da energias, os problemas nas cadeias de abastecimento, o receio dos investidores no mercado, entre outros.

A pandemia continua a criar desafios e ainda não passou, tendo criado pressão, como por exemplo pelo facto de consciencializar as empresas que um negócio de sucesso precisa de ter a sua vertente de digitalização.

Ainda em 2022, José Gonçalves sublinha que a execução do PRR deve ser acelerada, chegando mais rapidamente e com maior impacto às pessoas, empresas e administração pública. “Temos que simplificar os procedimentos e desburocratizar”.

A sustentabilidade é fundamental. Tanto ela como as questões climáticas e a transição energética são fundamentais para o sucesso dos negócios. José Gonçalves sublinha que o talento mais jovem quer atuar em organizações com preocupações ambientais e sociais, e que os investidores investem hoje tudo em negócios com princípios de sustentabilidade.

O forte aumento da inflação e a perspetiva de subida das taxas de juro terão ainda um grande impacto na vida das pessoas e custos de capital. Em paralelo, temos uma rapidez na recuperação económica abaixo do desejável, uma dívida pública que continua elevada, e a produtividade mantém-se baixa, correspondendo apenas a 75% da produtividade média dos países da OCDE.

 

E agora?

De acordo com José Gonçalves, devem ser considerados eixos prioritários de atuação. É necessário ser resiliente às pressões da pandemia e da guerra, focando a atenção no crescimento e na distribuição da riqueza. Para tal, será necessário apoiar os setores mais afetados pela pandemia, ou ainda minimizar os impactos da guerra, com a descida dos custos da energia via fiscalidade e minimizar a perda do poder de compra.

Para além disso, é necessário acelerar a aplicação do PRR, apoiar a transformação digital das empresas, e incentivar o crescimento e fusão de PMEs que devem evoluir para grandes empresas.

“Acreditamos que há uma oportunidade de Portugal ser um hub digital de referência para o mundo”, afirma o Presidente da Accenture, sublinhando o potencial de digitalização do país, a criação de unicórnios de ADN nacional ou a localização como grandes fatores de atratividade. José Gonçalves fez o paralelismo com a época dos descobrimentos em que Portugal olhava para o mundo de uma forma muito mais ampla.

No entanto, alerta, “Temos que aumentar drasticamente o salário das pessoas, e para isso temos que ter negócios com maior valor acrescentado”. José Gonçalves destaca igualmente a importância de requalificar os cidadãos para a economia digital, aumentar a oferta de talentos, reforçar a atratividade de Portugal para a captação e retenção de talento, promover um mercado de trabalho mais inclusivo e incentivar o aumento da natalidade através de medidas concretas nas áreas dos apoios, da habitação e do emprego.

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