“Há uma ameaça”: Aumentam navios russos a passar em águas portuguesas. Saiba porquê
Os casos têm vindo a repetir-se, e o mais recente ocorreu no fim de semana: a passagem de navios russos por águas portuguesas. A Marinha tem acompanhado os trajetos destas embarcações e adianta que constituem “uma ameaça”, com o objetivo da Rússia colocar em alerta as forças militares ocidentais.
Segundo explica o comandante da Marinha Portuguesa João Fonseca Ribeiro, em declarações à CNN Portugal, Portugal é rota de passagem de vários tipos de navios russos, mas agora os trajetos que cruzam a Zona Económica Exclusiva (ZEE) de Portugal intensificaram-se.
“Obviamente que há uma ameaça. É uma demonstração de poder e essa passagem pelo Atlântico efetiva-a”, adianta o responsável, recordando anúncios da passagem da fragata Almirante Gorshkov, capaz de lançar mísseis Zircon. A par dos barcos, também aeronaves e submarinos têm passado pelo mesmo trajeto, com mais ou menos intensidade “consoante a tensão” verificada entre países.
A Marinha Portuguesa tem a função de acompanhar a passagem de navios estrangeiros nas águas nacionais, não só para efeitos de segurança e proteção nacionais, como também para cumprir as obrigações que Portugal tem perante alianças como a Nato.
O motivo: cabos de telecomunicações
Uma das grandes ameaças representadas pela presença de embarcações russas em águas nacionais é a de que eventualmente possa ser mapeada a rede de cabos submarinos, que é essencial para os serviços de telecomunicações entre vários continentes, a Europa e o resto do mundo.
Teme-se que os navios de recolha de informação da Federação Russa, como o ‘Yuriy Ivanov’, que passou ao largo da costa portuguesa este fim de semana, ou embarcações de estudo científico estejam precisamente a fazer esse estudo nas águas nacionais.
O motivo é que Portugal é ‘ponto-chave’ por onde passam 13 cabos de telecomunicações essenciais para manter, por exemplo, o acesso à Internet, havendo outros ao largo dos Açores que ligam países como a França e os Estados Unidos, e por onde passam 95% dos dados de todo o Mundo
Outra hipótese apontada, para além da necessidade de passagem de embarcações russas para rendição de outras é a de ameaça e efeito dissuasor de movimentações militares ocidentais. Com a presença de navios militares com capacidade de ataque em larga-escala, ficam ‘tímidos’ eventuais esforços e manobras dos aliados da Ucrânia.