Guerra na Ucrânia vai durar “muito, muito tempo”, revela Peskov em jantar privado
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, admitiu em privado que o presidente russo, Vladimir Putin, está a preparar o país para uma “guerra eterna” com o Ocidente enquanto invade a Ucrânia, o que contrasta com as previsões públicas dos dirigentes da Rússia.
Estas revelações terão sido feitas, no final de dezembro, durante um jantar de amigos no apartamento de um alto funcionário do Estado russo, onde estavam presentes membros da elite cultural e política da Rússia, informa o jornal The Guardian.
“Suponho que estão à espera que diga alguma coisa”, comentou Dmitry Peskov segundo recordam duas fontes anónimas. “As coisas vão ficar muito mais difíceis. Isto vai demorar muito, muito tempo”, continuou o porta-voz do Kremlin.
Entre os convidados, vários opuseram-se à guerra na Ucrânia. “Foi desconfortável ouvir o seu discurso [de Peskov]. Foi muito claro ao avisar que a guerra vai ficar connosco e que devemos preparar-nos para que dure bastante tempo”, destacou um dos presentes.
Após mais de um ano de uma invasão que, segundo a Rússia, deveria levar semanas, o governo de Vladimir Putin não apresenta sinais de desistência e parece dispor-se a a um conflito de vários anos. Ao discursar para os trabalhadores de uma fábrica de aviação na região de Buryatia, o líder russo abordou, mais uma vez, a guerra como uma batalha existencial para a sobrevivência da Rússia. “Para nós, isto não é uma tarefa geopolítica, mas um desafio para o Estado russo, criando condições para o futuro desenvolvimento do país e dos nossos filhos”, frisou.
O presidente da Rússia ordenou a invasão à Ucrânia no dia 24 de fevereiro de 2022 para “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho, ofensiva militar que levou a União Europeia (UE) a responder com vários pacotes de sanções internacionais.
A invasão russa desencadeou uma guerra de larga escala que deixou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Não é conhecido o número de baixas civis e militares do conflito, contudo diversas fontes, entre as quais a Organização das Nações Unidas (ONU), admitiram que será elevado.