Greenwashing no radar da UE. Novas regras limitam aquilo a que as empresas podem chamar “sustentável”

Muitos dos fundos de investimento que se apresentam sob a bandeira da sustentabilidade não serão tão amigos do ambiente como querem fazer crer. O alerta é dado por Marcus Björksten, responsável por gerir um dos fundos sustentáveis com melhor desempenho a nível europeu, o Fondita Sustainable Europe.

Em declarações reportadas pelo Financial Times, o responsável explica que embora o investimento neste tipo de fundos ESG (environmental, social, governance) tenha atingido um valor recorde no ano passado, há perigos à espreita e é preciso ter em atenção à utilização da palavra “sustentável”.

«O greenwashing é um problema real», indica o gestor, referindo-se às empresas que usam e abusam da sustentabilidade com propósitos comerciais, mas sem lhe dar uma base real de práticas implementadas ou mudanças que contribuam, de facto, para um planeta melhor – seja a nível ambiental ou social.

Esta é também a perceção da União Europeia que arranca hoje com novas regras pensadas para prevenir o greenwashing. Segundo o Financial Times, os produtos de investimento terão de ser categorizados como sustentáveis ou não sustentáveis e gestores de ativos que queiram apresentar os seus fundos como sendo sustentáveis terão de passar por um processo de avaliação.

Marcus Björksten acredita que este processo irá tornar o greenwashing muito difícil. «Vai requerer muito mais trabalho por parte dos gestores de fundos», aponta.

As novas regras deverão impactar também as decisões tomadas por parte de empresas cotadas em bolsa, que sentirão mais pressão para investir em questões ESG, sob pena de perderem capital. Isso mesmo explica Olivier Carré, da PwC no Luxemburgo: «A EU quer reorientar o capital para investimentos sustentáveis. Se uma empresa não respeitar determinados standards, não terá acesso tão fácil a capital.»

Graças às novas regras, a PwC prevê que ativos em produtos de investimento sustentáveis aumentem para 7,6 biliões de euros em 2025. O número de fundos ESG deverá ultrapassar o total de fundos convencionais.

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