Grande crise energética europeia começa a afetar alimentação. E “o pior ainda está por vir”

Os preços mundiais dos alimentos atingiram um recorde no início deste ano, quando a invasão russa da Ucrânia deixou o mundo sem produtos essenciais, incluindo trigo e óleos vegetais.

Mas embora os custos globais tenham começado a diminuir, é improvável que os consumidores tenham um alívio, porque os produtores alimentares na Europa estão agora a enfrentar altos preços de energia, com o comércio de gás, carvão e eletricidade em níveis muito superiores ao normal, avança a ‘Bloomberg’.

Segundo a agência de notícias, espera-se que a situação se agrave com a chegada dos dias mais escuros e gelados de inverno, aumentando a procura para aquecimento e geração de energia.

“Acho que o pior ainda está por vir à medida que os preços da energia aumentam. Este inverno será um divisor de águas e os custos de processamento provavelmente vão aumentar”, disse Kona Haque, diretora de pesquisa da empresa agrícola ED&F Man, à ‘Bloomberg’.

A Suedzucker AG, a maior produtora de açúcar de beterraba da Europa, disse no início deste ano que um “aumento substancial” nos custos de matéria-prima, energia e embalagens compensou o aumento das receitas no primeiro trimestre.

A Allied Bakeries, fabricante do pão Kingsmill e Allinson’s, disse em junho que os custos mais altos de insumos continuaram a afetar negativamente as margens, apesar de as vendas estarem à frente no terceiro trimestre.

As empresas que transformam soja e sementes de girassol em óleos de cozinha estão a diminuir a produção no Reino Unido e na Europa e a transferi-la para outras regiões com preços de energia mais baixos.

O processamento de oleaginosas no Reino Unido e na Europa caiu 3,2% em junho para o nível mais baixo desde pelo menos 2019, mostraram dados do grupo industrial Fediol.

A perspetiva é tão terrível que os governos começaram a intervir. A União Europeia aprovou na semana passada um pacote de ajuda de 110 milhões de euros, para apoiar empresas do setor agrícola que foram afetadas pelo aumento de energia, fertilizantes e outros matérias-primas devido à guerra na Ucrânia. Outros países podem seguir o exemplo.

Fábricas de alimentos com uso intensivo de energia em toda a Europa podem ser obrigadas a fechar se a escassez de gás natural provocar o racionamento. A Alemanha já promulgou o segundo de um plano de emergência de três etapas, e o próximo pode desencadear paralisações em todos os setores.

O Reino Unido também tem um plano que envolve a redução ou corte de suprimentos para as fábricas. Esses cenários de pior caso podem resultar em custos de mantimentos ainda mais altos.

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