Gestora de ativos BlackRock recomenda investimento em ações europeias e crédito
A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, aconselha os investidores a privilegiarem a aposta em ativos europeus e no mercado do crédito, baixando a recomendação de investimento em ações norte-americanas.
“Se o mundo muda, temos de mudar também a maneira como investimos e ter uma carteira mais diversificada, profissional e com outros ativos que, se calhar, não estávamos a ter em conta”, afirmou André Themudo, responsável pelo desenvolvimento de negócio da BlackRock em Portugal e do negócio de ‘wealth’ para a Península Ibérica, durante a apresentação por teleconferência das perspetivas de investimento para o segundo semestre do ano, tendo em conta o impacto global da pandemia.
Para a BlackRock – que gere ativos de 7,4 mil milhões de dólares –, é altura de “aumentar a presença de ativos chineses em carteira” e de apostar em investimentos alternativos (matérias primas como o ouro, por exemplo, e o crédito privado).
Relativamente à sua anterior estratégia de investimento para 2020, que tinha anunciado em dezembro do ano passado, a gestora de ativos baixou a recomendação das ações norte-americanas de ‘underweight’ (menor exposição) para ‘neutral’ (neutra) e aumentou em dois patamares (de ‘underweight’ para ‘overweight’ – maior exposição) a recomendação das ações europeias.
“Os setores mais expostos na Europa são os setores tipicamente mais cíclicos e, tendo em conta uma recuperação, que vai acontecer, esses setores vão ser dos mais beneficiados”, explicou André Themudo, acrescentando que “a Europa está mais coordenada e preparada neste combate à crise do que os EUA”.
As recomendações da BlackRock passam ainda por uma maior exposição a crédito (“o aumento considerável dos ‘spreads’ compensa os riscos de incumprimento e as revisões em baixa”, considera), em detrimento da exposição a obrigações soberanas.
“A diversificação em títulos soberanos já não é o que era. É muito questionável o papel de obrigações governamentais como diversificador de carteira, já não compensam e não oferecem rentabilidade praticamente nenhuma”, sustentou o responsável da gestora em Portugal.
A preferência por economias desenvolvidas face a emergentes (já que estas têm menos recursos para enfrentar a crise), a rotação para investimento em ativos mais sustentáveis, a neutralidade quanto ao investimento em ações (“dado o contexto desafiante no que respeita ao lucro e a à distribuição de dividendos”) e a opção por ativos ligados à inflação (cuja tendência é de subida) são também tendências apontadas pela BlackRock na composição da carteira de investimento dos seus clientes.