EUA: Universidades preparam-se para fazer frente a possíveis surtos de monkeypox nas vésperas de um novo ano letivo
A varíola dos macacos, ou monkeypox, já foi declarada como uma emergência global de saúda pública pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e as autoridades de saúde dos Estados Unidos também já classificaram o surto como uma emergência nacional, e nesta altura já somam mais de 10 mil casos confirmados.
À medida que o verão vai avançando e que se aproxima um novo ano letivo, com aulas a começar já no próximo mês de setembro, as instituições de Ensino Superior norte-americanas estão a preparar-se para o surgimento de possíveis surtos, depois de a pandemia de Covid-19 ter lançado dificuldades à gestão dos programas letivos.
À ‘Forbes’, Ina Park, professora na Universidade da Califórnia, afirma que a varíola dos macacos “representa um risco para os estudantes”, embora o cenário seja diferente do da Covid-19, acrescentando que não existe a preocupação de que o novo vírus seja transmitido no decurso das atividades letivas normais e que não há risco de que seja passado nos corredores.
A maior preocupação reside no facto de muitos estudantes viverem juntos em residências, o que, nesses contextos sociais de grande proximidade, faz aumentar a probabilidade da transmissão da varíola dos macacos, através de contacto pele com pele, beijos e relações sexuais.
Park diz ainda que o vírus poderá ser disseminado através da partilha de roupas e de camas, ecoando o que já tinha sido dito pelo próprio responsável da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que reconheceu publicamente que o patógeno poderia ser transmitido pela partilha, por exemplo, de toalhas.
Várias instituições de Ensino Superior nos EUA contaram à ‘Forbes’ que estão já em contacto com as autoridades de saúde federais e locais para criarem planos de resposta a potenciais surtos. Algumas, como a Universidade do Texas, disseram que os clínicos nos serviços de saúde das instituições frequentaram cursos de formação específicos no Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças (CDC).
Ainda outras, como as Universidades de Nova Iorque e a de Georgetown, relatam que os seus serviços de saúde já são capazes de fazer diagnósticos para a varíola dos macacos.
No geral, as medidas de prevenção passam pela desinfeção das secretárias e das casas de banho públicas, para minimizar os riscos a que os estudantes estarão expostos quando regressarem das férias do verão.
Park adianta que a vacinação de estudantes homens que têm sexo com homens é também uma componente crucial dos planos de prevenção e argumenta que a inoculação deverá ser também alargada à restante população estudantil.
Por sua vez, Marina Klein, professora de Medicina na Universidade McGill, defende que devem ser ativadas campanhas de informação e sensibilização, frisando que o contacto sexual é a principal via de transmissão da varíola dos macacos. E reitera que os serviços de saúde nas universidades e faculdades devem estar aptos para realizar testes de diagnóstico para que se possa atuar o mais rapidamente possível.
Klein frisa que é “inevitável” que a varíola dos macacos extravase a esfera dos homens que têm sexo com homens e que atinja a população em geral, mas avisa que “não há razão para pânico”.