EUA: Especialista alerta que podem existir centenas de casos de poliomielite por diagnosticar
A poliomielite está a regressar aos Estados Unidos, depois de em julho ter sido detetado um caso de infeção no estado de Nova Iorque pela primeira vez desde 2013. Análises ao paciente infetado, que acabou por revelar paralisia, revelaram que o vírus tinha semelhanças com casos identificados em Londres e em Jerusalém.
As autoridades de saúde nova-iorquinas descobriram que o vírus estará a circular na rede de águas residuais do estado norte-americano, indicando que pode haver muitos mais casos por diagnosticar.
Patricia Ruppert, comissária de Saúde do condado de Rockland, em Nova Iorque, confessa à ‘BBC’ que está preocupada com a propagação do vírus, que, podendo não manifestar sintomas visíveis, pode estar a circular livremente.
“A maioria dos casos é assintomática ou ligeiramente sintomática, e esses sintomas passam muitas vezes despercebidos”, explica a responsável, acrescentando que por cada caso de paralisia por poliomielite podem existir centenas ou milhares de outras pessoas infetadas com sintomas suaves ou sem quaisquer sintomas.
“Este é um assunto muito sério para o nosso mundo global”, alerta Rupert, sublinhando que “não se trata apenas de Nova Iorque”. E deixa um apelo: “Devemos todos garantir que todas as nossas populações estão devidamente vacinadas”.
A especialista admitiu à emissora britânica que não esperava ver um caso de poliomielite nos EUA durante a sua vida.
Em Portugal, a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou em maio que “temos todos de pugnar pela continuidade e sustentabilidade do processo de vacinação e estarmos sempre muito atentos à reemergência de velhas ameaças”, entre elas a poliomielite, que voltou a assolar Moçambique este ano, depois de em 1992 ter sido dado como erradicado nesse país africano.
Graça Freitas admitiu que “há sempre a hipótese de importar casos e, a partir dessa introdução no país, virem a desenvolver-se focos de uma doença”.
Dados da DGS indicam que “o último caso de poliomielite, com paralisia por vírus selvagem, registado em Portugal verificou-se em 1986, estando a doença, oficialmente, eliminada desde 2002, por Certificação Europeia concedida pela Organização Mundial da Saúde”.
Contudo, foi detetado um caso de infeção em 2018, “numa criança com imunodeficiência combinada grave, proveniente de Cabo Verde, em tratamento num hospital português”.