Estará a economia do Reino Unido em apuros? Crédito y Caución prevê que sim

A Crédito y Caución prevê que o crescimento do PIB do Reino Unido vai contrair -0,7% em 2023, o que traduz uma revisão em baixa de dois pontos percentuais face às previsões de há seis meses.

Em comunicado explicam que isto acontece devido às “restrições estruturais da oferta, os limitados estímulos fiscais e as perturbações comerciais posteriores ao Brexit” que estão a exacerbar o impacto negativo da guerra na Ucrânia sobre os preços da energia, a confiança dos consumidores e as cadeias de fornecimento das empresas.

No caso desta crise, e ao contrário da recessão prevista para os Estados Unidos, no Reino Unido esta terá uma base mais profunda. A seguradora de crédito não antecipa que o país alcance o seu nível de PIB pré-pandemia até 2025 e prevê que a fraca recuperação não seja alcançada até 2024, com uma previsão de crescimento de 1,8%.

Sublinham ainda que a inflação alcançou em 2022 as suas taxas mais elevadas desde 1981 tudo isto provocado devido “à subida dos preços dos alimentos e ao aumento dos custos de importação, devido à debilidade da libra esterlina”. A isto “somou-se a evolução de dois e três dígitos nos preços da eletricidade e do gás”.

No que diz respeito ao emprego, os salários não conseguiram acompanhar o ritmo da inflação, diminuindo o poder de compra dos britânicos. Apontam também para indícios de que “o mercado laboral superou o seu máximo de rigidez, o que sugere que as possibilidades de que o aumento dos salários ajude os consumidores britânicos a manterem o seu poder de compra em 2023 é diminuto”. A persistência da inflação obrigou o Banco de Inglaterra a continuar a endurecer a sua política monetária, mas dada a debilidade interna é provável que modere a sua evolução.

Destaca-se ainda que algumas medidas recentes de política económica aumentaram ainda mais a pressão sobre os rendimentos das famílias. Os cortes fiscais anunciados em setembro de 2022 desencadearam uma grande venda de ativos britânicos e um aumento do rendimento dos títulos do tesouro, o que aumentou dramaticamente os custos do endividamento público. Tudo isto também elevou as taxas de juro das hipotecas e reduziu em centenas de milhares de milhões o valor dos fundos de pensões.

A Crédito y Caución reforça porém que “embora os mercados tenham recuperado desde que se reverteram a maioria destes cortes de impostos, as perspetivas de preço da habitação não são boas e persiste a desconfiança dos consumidores”.

Quanto aos planos do novo governo britânico, estes marcam um horizonte de endurecimento da política fiscal, equivalente a 1,8% do PIB durante os próximos cinco anos. Destaca-se que, na opinião da seguradora de crédito, estas medidas deveriam “limitar o golpe na atividade económica em 2023, mas impedirá oferecer estímulos perante a atual recessão económica e agravará os problemas de produtividade do Reino Unido, mantendo em níveis baixos o crescimento potencial durante mais tempo”.

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