“Estamos a redobrar o uso da ciência de dados e Inteligência Artificial para detetar fraudes”, garante o Diretor de Fraude e Criminalidade Financeira na Revolut

Em entrevista à Risco, Aaron Elliot-Gross, director de Fraude e Criminalidade Financeira na Revolut, explicou como a fintech faz a gestão das fraudes, as estratégias e tecnologias utilizadas, analisando também a literacia digital dos portugueses. Aaron Elliot-Gross lidera as equipas de defesa de primeira linha da empresa, responsáveis pela construção e operação de modelos, sistemas e controlos para prevenir e detectar crimes e fraudes financeiras em todo o mundo.

Que desafios específicos enfrenta a Revolut ao lidar com as crescentes ameaças de fraude no sector financeiro?
A fraude cresceu exponencialmente na última década, à medida que a velocidade dos pagamentos acelerou e que a nossa vida quotidiana passou a estar cada vez mais online.
Nos últimos anos, o crescimento tem ocorrido principalmente no âmbito da fraude autorizada, mais conhecida como “scams”, em que as vítimas da mesma são convencidas pelos criminosos a efectuar pagamentos totalmente autorizados por elas. Por exemplo, os criminosos muitas vezes visam clientes com falsas oportunidades de investimento, que prometem taxas de retorno enormes e irrealistas.
Os nossos desafios específicos incluem garantir que estamos um passo à frente da evolução das tácticas de fraude, fazer a gestão da segurança do utilizador num ambiente em rápida mudança e garantir que os fundos e dados dos nossos clientes estão protegidos, mantendo ao mesmo tempo a experiência de utilizador perfeita.
Mais recentemente, vimos uma mudança na forma como os burlões roubam dinheiro das pessoas. Devido à crescente sofisticação das tecnologias contra fraudes, os criminosos estão a recorrer a esquemas que envolvem engenharia social, a fim de convencer as suas vítimas a efectuarem pagamentos.

Como evoluiu a tecnologia para ajudar na detecção precoce e na prevenção de fraudes financeiras?
A tecnologia é uma ferramenta fundamental para nós na luta contra a fraude. Na Revolut, utilizamos algoritmos avançados de aprendizagem automática, Inteligência Artificial e análise de dados para detectar transacções suspeitas em tempo real. Estas tecnologias ajudam-nos a identificar padrões, anomalias e riscos potenciais, permitindo-nos responder rapidamente e proteger os nossos clientes.

Que medidas proactivas as fintechs devem tomar para garantir a segurança das transacções financeiras?
Todas as instituições financeiras devem adoptar uma abordagem de segurança em vários níveis.
Na Revolut, a nossa abordagem baseia-se em três pilares fundamentais que funcionam em conjunto: segurança robusta, detecção precisa de fraudes e intervenções eficazes no cliente. Por exemplo, os nossos fluxos de aviso de pagamento são projectados para detectar com rapidez e precisão quando um cliente pode estar a realizar um pagamento fora do comum, e reagir rapidamente para o avisar e esclarecer antes que ele prossiga com o pagamento.

Como abordam a educação financeira dos clientes em relação à segurança e à prevenção de fraudes?
A Revolut está empenhada em educar os nossos clientes sobre as formas de se protegerem contra a crescente ameaça de fraudes. Fornecemos recursos educacionais, artigos e notificações na app para manter os utilizadores informados sobre os potenciais riscos. Mais recentemente, lançámos um curso educacional gratuito na app chamado “Fraud Learn”, que oferece uma forma interactiva de aprender sobre esquemas comuns e a forma como os clientes podem proteger-se.

Em que consiste o curso educativo da Revolut para ajudar os clientes a combater a fraude?
O nosso curso educacional cobre uma variedade de tópicos, incluindo como reconhecer tentativas comuns de fraude, práticas bancárias online seguras, configuração de senhas fortes e uso de autenticação de dois factores.
Enfatizamos, também, a importância de analisar regularmente as transacções e reportar qualquer actividade suspeita.

Como analisa a literacia dos portugueses nesta matéria?
A Revolut avalia activamente o conhecimento e a literacia dos nossos clientes portugueses, através de inquéritos, feedback e interacções.
Usamos depois esses dados para adaptar os nossos materiais educacionais e recursos de segurança para poder dar resposta às necessidades e preocupações específicas. Por exemplo, de acordo com dados de um inquérito recente da Revolut e da Dynata, apenas 20% dos portugueses se sentem extremamente confiantes de que saberiam como detectar e evitar fraudes – isso significa que 80% da população ainda tem dúvidas em identificá-las ou como combatê-las.
Mas, além disso, 14% reconhecem que não se encontram preparados para reagir, caso sejam vítimas de fraudes ou esquemas. É por isso que precisamos de continuar a trabalhar neste assunto, já que um terço dos portugueses também identifica a educação como o factor mais importante a ter em conta quando se trata de prevenção da fraude.

Como é possível equilibrar segurança rigorosa com uma boa experiência do utilizador/cliente?
Equilibrar a segurança e uma experiência de utilizador positiva são uma das principais prioridades da Revolut.
Conseguimos isso através de métodos de autenticação contínuos, monitorização de transacções em tempo real e comunicação transparente com os utilizadores.
O nosso objectivo é manter uma segurança robusta sem causar atritos desnecessários aos nossos clientes.

Que projectos estão a desenvolver para combater a fraude?
Investimos continuamente nesta área para garantir que estamos um passo à frente dos burlões.
Estamos a redobrar o uso da ciência de dados e a Inteligência Artificial para detectar fraudes e criar recursos de segurança ainda melhores na nossa app, para manter os clientes protegidos contra burlões e criminosos. 

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