Especialista aponta três falhas “fulcrais” da Bitcoin. Aprenda a fugir delas
A Bitcoin, a moeda mais cotada do mundo, “tem três falhas”, de acordo com Eswar Prasad, professor de Economia da Universidade Cornell, o que, no seu entender, tem levado os investidores a apostar em “altcoins”, outras moedas que não a “criptoqueen”.
Em entrevista à ‘CNBC’, o académico elencou o que, para si, são erros fulcrais no funcionamento deste critpoativo.
A mineração de Bitcoin prejudica o ambiente
Em maio, Elon Musk voltou atrás com a decisão que tinha tomado e anunciou no Twitter que a Tesla não aceitaria a Bitcoin como moeda de pagamento, até que a mineração desta moeda digital “fosse mais amiga do ambiente”. Tal foi a sua preocupação com este assunto, que mais tarde fundou e participou numa espécie de “conselho de mineradores” que fazem da sustentabilidade a sua bandeira de negócio.
Na realidade, a eletricidade utilizada na tecnologia blockchain da Bitcoin “não é boa para o meio ambiente”, alerta Prasad.
Atualmente e de acordo com o Cambridge Bitcoin Electricity Consumption Index, o processo de mineração da Bitcoin pode gastar a mesma quantidade de eletricidade, do que o abastecimento de energia de um país inteiro, durante um ano, como a Suíça ou a Finlândia.
Do outro lado, e como lembra o professor de Economia, “há outras moedas ligeiramente mais sustentáveis, como é o caso da Ethereum”, refere o especialista.
Afinal, a rainha das criptomoedas “não é boa a guardar segredos”
No início deste mês, as autoridades dos EUA anunciaram que conseguiram recuperar quase dois milhões de euros, pagos pela empresa Colonial Pipeline a um grupo de piratas informáticos, que bloqueou o sistema que gere o oleoduto que fornece gasolina à costa oeste da nação norte-americana. Afinal, onde está o anonimato prometido?
“A ideia principal da bitcoin baseia-se no anonimato”, observa Prasad, “no entanto, está provado que quem utiliza muito esta moeda como meio de pagamento de bens ou serviços físicos, acaba por vincular os seus dados pessoais à sua identidade digital”, sublinha.
“Se querem privacidade, optem por outras criptomoedas, optem pela Monero ou pela Zcash”, apelou o docente da Universidade de Cornell.
A Bitcoin não cumpre uma das funções principais de uma moeda: Ser um meio de pagamento
Para Prasad, as transações com Bitcoin são “lentas e complicadas”, para além de que são altamente afetadas “pela volatilidade do preço deste ativo”.
Em maio, a criptoqueen não reagiu bem ao anúncio de Musk sobre a sua pouca propensão para a ecologia, nem à repressão de Pequim, que decidiu acabar de vez com a presença de mineradores, naquela que é a região do globo responsável por cerca de metade da mineração mundial, a China.
Assim, num único mês, a “criptoqueen” sofreu “um trambolhão”, como não era visto desde 2011, e uma queda de 30% num único dia.
“Acredito que a Bitcoin funciona mais como uma reserva de valor do que como meio de pagamento, senão, repare bem neste exemplo: num dia tanto pode pagar um jantar caríssimo, como no dia a seguir com a mesma quantia de Bitcoin pode apenas ter dinheiro suficiente para pagar um café”, observa Prasad.
“Esta não é uma moeda segura para se ter como meio de pagamento”, conclui o especialista.