Entrevista ao CEO da Cimpor Portugal e Cabo Verde: Planeamento é a melhor forma de lidar com riscos

As empresas necessitam de previsibilidade para a tomada das suas decisões económicas e o contexto atual em que vivemos cria incertezas adicionais, quase insuportáveis, às incertezas climáticas, regulatórias, políticas, entre outras, já existentes. “Existe a preocupação de que alguns dos aumentos de preços conjunturais se tornem estruturais ou, pelo menos, que perdurem por longos períodos de tempo”, refere Luís Fernandes, CEO da Cimpor Portugal e Cabo Verde.
Para o Luís Fernandes, o desafio da crise energética deve ser aproveitado para fortalecer, bem como para preparar o caminho para a descarbonização da indústria. Se assim não for, corre-se o risco de muitas decisões económicas, investimentos em novas tecnologias e em novos negócios, recrutamentos e projetos já em curso virem a sofrer atrasos consideráveis, comprometendo a transição energética. Além disso, é importante aumentar a colaboração intersectorial em projetos de energia/descarbonização para reduzir riscos e partilhar investimentos. 

Num mundo imprevisível como este em que vivemos, Luís Fernandes explica que voltaria a insistir na capacidade de tomar decisões de médio e longo prazo independentemente do atual contexto de curto prazo marcado pela incerteza. “Além de ser um momento crucial para investir nas pessoas e atrair talento. No caso da Cimpor, por exemplo, falamos de jovens engenheiros destinados a novas funções nas áreas da inovação e sustentabilidade, que contribuam para descarbonizar a indústria. Por outro lado, o planeamento é a melhor forma de lidar com riscos, incertezas e ameaças. Portugal é um país habituado a lidar com crises e os seus gestores estão preparados para trabalhar neste tipo de contexto”, explica.
O CEO considera que em virtude da sua localização estratégica face a outros continentes, Portugal deve preparar-se como porto de abrigo para o investimento direto estrangeiro, ao oferecer condições de estabilidade, ao tornar-se atrativo para a instalação de novas indústrias, numa lógica de nearshoring para a União Europeia, constituindo-se como alternativa à deslocalização de indústrias para países de maior risco geopolítico/económico, e perfilando-se como um parceiro credível na reconexão com as cadeias de abastecimento europeias. “É essencial explorar a nossa localização geográfica e os nossos portos para a exportação dos mais variados bens, numa ótica de sustentabilidade e, por outro lado, conseguir reter os nossos talentos e atrair talento internacional”, diz Luís Fernandes.