Ensaio: Volvo XC40 Recharge P8 AWD: Elétrico, até onde me levas?

Por Jorge Farromba

Já anteriormente tínhamos ensaiado o C40 – a versão coupé do XC40. Faltava este último e na sua versão elétrica.

Num momento em que cada vez mais vemos os motores a combustão a desaparecer, os modelos PHEV a deixarem de ser solução e a existir uma focalização dos discursos e das vendas nos elétricos, nada melhor do que dedicar um pouco de tempo a compreender e testar o modelo elétrico da Volvo, com 408cv e duplo motor que lhe garante tração total.

Comecemos pelo desenho.

Este foi alvo de uma atualização que incidiu no novo para-choques, numa grelha sem moldura (que aloja os sistemas ADAS de assistência à condução) fechada e com a assinatura luminosa redesenhada com o já conhecido “martelo de Thor” – mais destacada – e de LED.

Ciente das suas preocupações com o ambiente, a sustentabilidade e a segurança, a marca apresenta novas opções de interiores onde o habitual couro dos bancos é substituído por soluções mais ecológicas.

Se o XC40 está para o C40 como o SUV da marca deste segmento, importa perceber se o marketing da marca está em consonância com a experiência de condução. A saber, o XC40 é, segundo a marca:

• para cada momento;
• Inteligente
• Versátil
• Mais atual que nunca.
• Criado para ambientes urbanos e para lá dos mesmos

Este SUV é – como todos os Volvo – desenhado para ser apelativo e desejado. Da história sueca mantém uma linhagem que ainda é conotado com segurança, qualidade e exclusividade.

Assim, se exteriormente e nas suas formas compactas cativa pelo desenho e proporções do mesmo, no interior a marca segue uma linha estilística idêntica, não tão minimalista como num Tesla, mas sóbria e clássica. Gosta-se da posição de condução, da nova manete da caixa. Mantém-se o sistema de infotainment mais intuitivo, mas ainda assim a necessitar de alguma habituação.

Dois detalhes, a exigirem atenção numa próxima versão: o apoio de braços poder deslizar longitudinalmente para uma ainda maior ergonomia e tornar impossível o emparelhamento de telemóveis em andamento. Pequenos detalhes, num interior que prima pela qualidade de construção e de materiais, onde muitos dos seus plásticos são moles.

Voltando à Tesla, este Volvo não tem o minimalismo dessa, mas a sobriedade de pequenas obras de arte, com apontamentos luminosos nas portas com essa finalidade. Em termos de ergonomia e espaço interior nada a assinalar e, mais uma vez, com amplo espaço interior. Em resumo, os senhores do marketing – como expectável estavam corretos na mensagem a passar.

Falta a nossa experiência em condução.

O Volvo é assumidamente prático. Depois de alguma personalização interior é fácil ser conduzido. Possui um comportamento são; é previsível e reativo. É estável em velocidade e, como todos os Volvo, confortável. Não um conforto alemão, mais rígido, mas um mix, mais suave. Uma tradição na Volvo.

Além disso, a Volvo brinda-nos com o purificador de ar, as camaras 360º, os sistemas de segurança de ângulo morto e travagem de emergência que se espera funcionem bem e que nunca convém testarmos nestes ensaios. Mas alguns são importantes mencionar. Os sensores de ângulo morto nos espelhos funcionam muito bem e são importantes. O sensor de transposição de faixa está bem parametrizado e o software foi bem construído. As câmaras dão-nos uma boa visão da viatura e os vários sensores de proximidade idem. O sistema de manutenção de faixa de rodagem é um must em termos de segurança e está aqui bem parametrizado. As baterias estão protegidas numa Safety cage e integradas na estrutura do automóvel para garantir total segurança em caso de colisão.

Pois é, então mas este XC40 é elétrico. E como funciona?

Quando o levantei ele orgulhosamente ostentava 400km de autonomia. Já percebemos que esta média depende dos últimos carregamentos, mas a marca diz-nos que é possível fazer 418km … em modo WLTP. Nada como testar.

E, para tal fizemos o percurso Lisboa – Algarve; 318km, sendo que 140 em estrada e os restantes AE. Deste modo sabemos como o XC40 se comporta em cidade, estrada e AE.

Se, em cidade as referências em termos de usabilidade eram boas, bem como o conforto, as mesmas foram comprovadas em estrada, com bons níveis de conforto e um bom comportamento. Em termos de autonomia e após os 140km iniciais, as informações que que o sistema de recuperação de energia em estrada nos transmitia, e, em complemento a tecnologia do pedal de acelerador ativo nos davam, permitiam, em teoria abordar o resto da viagem com tranquilidade.

Em AE e sem mecanismos de recuperação de bateria (não há travagem) percebe-se que a autonomia decresce imenso. Pior, se abusamos na velocidade. Mesmo assim, fizemos os 318km da viagem tendo chegado com uma margem de segurança de 50km, a velocidade média de 120km/hora com AC ligado.

Em resumo, a Volvo está de parabéns pelo modo como apresenta este SUV totalmente elétrico. O modelo é confortável, prático e serve ambientes urbanos. Em termos de potência, a mesma é boa mas tal como muitos elétricos se a utilizarmos em pleno corremos dois riscos: ficamos sem bateria rapidamente e somos multados por excesso de velocidade. Mas dá-nos um nível de resposta imediata fantástica.

Num momento em que a eletrificação é uma realidade é bom comprovar que as marcas estão a reposicionar-se com produtos de qualidade.

Preço final: entre 57 mil e 61.000€.

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